Summary: | Este ensaio pretende apontar algumas características basilares da obra poética do autor de Nascente Submersa. O poeta é um perspicaz intérprete da multiplicidade estética do seu tempo e, portanto, compõe com recursos variados. Ramos Rosa, que foi tendo necessidade de mudar – nos anos 80 do século XX o autor de Mediadoras surge com mais fulgor metafórico e rítmico, alonga os versos, concede fluidez às imagens (toda uma continuidade ensaiada) – por abundar nele um excesso de produção, manipula, com desenvoltura técnica, a simplicidade, a fluidez, o corte, oposições e tensões. A deferência à palavra (a poética, como “morada do ser” para Hölderlin) surge nos seus versos como conciliadora de distintos panoramas da modernidade. Para Gastão Cruz trata-se de “uma nova linguagem poética, cada vez mais livre e autónoma […] que vinha pôr de(nitivamente em causa o convencionalismo da maioria dos poemas lidos nas selectas liceais […] de completa liberdade estética”.
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