Resumo: | A água é um recurso escasso e circulante, pelo que o seu uso em determinado local condiciona o que dela poderão fazer noutros lugares. O modo com cada país gere os recursos tem implicações nos índices de pobreza, na distribuição de oportunidades de vida e, por isso, no desenvolvimento humano. Moçambique é frequentemente sujeito a ciclos de abundância de água, associados a cheias, que alternam com períodos de défice, que conduzem a secas. A sua localização geográfica, para além de determinar a influência climática que conduz à existência de zonas semi-áridas, coloca ainda o país a jusante dos principais rios, que nascem em países vizinhos, dificultando a gestão dos recursos hídricos. A Bacia Hidrográfica do Limpopo, um dos grandes rios de África, situado no Sul do país, é uma das mais vulneráveis, devido a, por um lado, às condições climáticas muito particulares da região, mas também em consequência da gestão da água que é feita no troço a montante, pelo que se verifica uma grande variabilidade entre os anos. Os baixos coeficientes de escoamento, a grande intrusão salina, a baixa capacidade de retenção de água no solo e a elevada taxa de evaporação, associado a um padrão climático em mudança e à actividade humana (nomeadamente às alterações das práticas agrícolas e florestais, enquadradas num cenário de desertificação e desflorestação), aumentam o risco de vulnerabilidade à fome e à pobreza. A necessária consciencialização da necessidade de prevenção, preparação e mitigação dos desastres naturais, num cenário de pobreza com inúmeras prioridades, só fará sentido se enquadrado num cenário de acção concertada internacional.
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