Summary: | Entre o final do século XV e início do século XVI, a expansão portuguesa deu origem a um primeiro comércio global, intensificou a circulação de pessoas e bens e foi crucial para o surgimento de uma arte intercontinental. Entre esses primeiros produtos figuram os marfins Luso-Africanos exportados da costa atlântica de África para a Europa. Em afinidade com o âmbar e com o coral, o marfim de elefante é uma das poucas matérias-primas orgânicas que foi privilegiada na competição com materiais preciosos como as gemas e metais nobres. A sua proveniência de locais longínquos articulada com a sua durabilidade e o seu exotismo, cooperaram para ser apreciado ao longo da história da humanidade. Tendo estado sempre presente na relação entre Africanos e Europeus, quando o contacto dos portugueses com a região da Antiga Serra Leoa se iniciou também surgiu um novo intercâmbio de formas artísticas à qual damos o nome de arte Luso- Africana. O principal objetivo desta dissertação de Mestrado em Arte, Património e Teoria do Restauro consiste em analisar comparativamente os marfins Luso-Africano, produzidos pelos artesãos da Antiga Serra Leoa com as fontes visuais europeias do final do século XV a meados do séc. XVI, designadamente quatro Livros de Horas produzidos nas oficinas de Simon Vostre e Thielman Kerver e uma versão portuguesa do Livro das Horas de Nossa Senhora, impresso em Paris em fevereiro de 1501 por Narcisse Brun. O nosso trabalho será cingido à análise de três tipologias distintas de objetos (olifantes, hostiários e saleiros) com o intuito de reconsiderar a perceção dos mesmos, e de os reavaliar enquanto produtos híbridos do sincretismo extra-cultural do continente africano com a Europa.
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