Avaliação das Aprendizagens: Reflectir, Agir e Transformar

Os sistemas educativos contemporâneos continuam com problemas para garantir que todas as crianças e jovens possam ter acesso a uma educação e formação que lhes permitam integrar-se plenamente nas sociedades. Na verdade, existe um alargado consenso quanto ao facto de muitos alunos não estarem a apren...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Fernandes, Domingos (author)
Format: conferenceObject
Language:por
Published: 2012
Subjects:
Online Access:http://hdl.handle.net/10451/5886
Country:Portugal
Oai:oai:repositorio.ul.pt:10451/5886
Description
Summary:Os sistemas educativos contemporâneos continuam com problemas para garantir que todas as crianças e jovens possam ter acesso a uma educação e formação que lhes permitam integrar-se plenamente nas sociedades. Na verdade, existe um alargado consenso quanto ao facto de muitos alunos não estarem a aprender os saberes, as capacidades e as atitudes de que necessitam para poderem prosseguir dignamente as suas vidas, através da sua participação activa no desenvolvimento das sociedades. Em muitos países, milhões de alunos não conseguem sequer progredir normalmente na escolaridade. Por exemplo, em Portugal, num percurso de nove anos de escolaridade obrigatória, cerca de metade dos alunos acaba por ter de repetir um ou mais anos antes da sua conclusão porque, supostamente, não desenvolveram as competências necessárias para poderem prosseguir. Este facto, que, em si mesmo, é muito preocupante, está muitas vezes associado a fenómenos de abandono puro e simples da frequência das escolas por parte de milhares de estudantes. Milhões de alunos em todo o mundo são assim “atirados” para o chamado mercado de trabalho sem que possuam quaisquer qualificações dignas desse nome. Na ausência de uma verdadeira igualdade de oportunidades surge a ameaça, mais ou menos séria, à coesão social, equilíbrio essencial nas sociedades democráticas. Apesar das necessidades das pessoas e das sociedades actuais, os sistemas educativos continuam a basear-se em modelos em que predomina o ensino de procedimentos rotineiros, pouco mais exigindo do que a reprodução de informação tal qual é transmitida. A escola ainda não consegue garantir que, para todos e cada um dos seus alunos, o essencial do currículo esteja no desenvolvimento dos processos mais complexos de pensamento, através da resolução, mais ou menos contextualizada, de problemas, da interacção com uma diversidade de situações problemáticas da vida real, da recolha, apresentação, análise e interpretação de dados ou da utilização inteligente das novas tecnologias da informação. Simultaneamente, os modelos dominantes de avaliação das aprendizagens estão sobretudo orientados para classificar, seleccionar e certificar os alunos quando o que nos mostra a investigação é que precisamos de uma avaliação que esteja essencialmente organizada para ajudar os alunos a aprender melhor, a aprender com compreensão. Desta forma, a avaliação deve contribuir para que os alunos sejam mais autónomos e mais capazes de aprender utilizando melhor os seus próprios recursos cognitivos e metacognitivos. Mas esta diferença entre uma avaliação orientada para classificar e uma avaliação orientada para melhorar, exige mudanças culturais profundas, requer que suscitemos a reflexão informada dos professores, das famílias, dos investigadores, dos gestores escolares e dos responsáveis pela condução das políticas educativas.