Summary: | A presente dissertação assenta na convicção de que o cidadão europeu tende cada vez mais a ser bi ou plurilingue, de onde decorre a necessidade do ensino e a constante construção do saber em didáctica das línguas como factores da intercompreensão entre povos e culturas. No ano lectivo 2000/2001, realizámos um estudo etnográfico no Colégio Alemão do Porto, estabelecimento privado de ensino bilingue. O nosso estudo explora a gestão de alternância de códigos nas aulas de alemão língua estrangeira, desde o jardim infantil até ao terceiro ciclo, bem como a percepção dos alunos e docentes participantes, relativamente às ocorrências e representações das línguas. Explorámos a complexidade dos conceitos de bilinguismo e de alternância de códigos, assim como o seu significado no processo de ensino/aprendizagem da língua alemã como língua estrangeira. Baseámos a abordagem do nosso tema num estudo efectuado em contexto de ensino português em aulas de francês língua estrangeira. Transcrevemos e codificámos quatro aulas observadas de forma aleatória, em três níveis de ensino da língua, e analisámos os dados obtidos através de inquéritos por questionário preenchidos pelos participantes de seis níveis de ensino, assim como uma entrevista conduzida a uma educadora de infância. Pretendemos descrever uma realidade de contexto de ensino bilingue, por este ser fortemente caracterizado pelo contacto profícuo entre línguas e culturas, e de alguma forma, poder servir como linha orientadora para outras aulas de língua estrangeira, nomeadamente no contexto escolar português. Os resultados desta descrição e interpretação do corpus sugerem que a ocorrência de alternância de códigos surja como marca de pertença cultural e formação pessoal por parte dos alunos, que revelou ser mais acentuada nos níveis mais avançados e intimamente ligada à faixa etária dos alunos. Quanto mais acentuada é a consciencialização do funcionamento das línguas por parte dos alunos, maior a capacidade de gestão da alternância deliberada entre língua materna e língua estrangeira na sala de aula, o que aponta para um grau mais elevado de evolução da competência bilingue do aprendente.
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