Fotografia e corpo diferenciado: a imagem entre R. Barthes e G. Batchen

A investigação Fotografia e Corpo Diferenciado: A Imagem entre R. Barthes e G. Batchen, procura compreender as razões para a necessidade crítica e histórica de regressarmos à fotografia de eventos traumáticos do século XX – tal como a encontramos na obra de Susan Sontag (2003), Georges Didi- Huberma...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Bártolo, Maria João Baltazar Vasconcelos (author)
Format: doctoralThesis
Language:por
Published: 2016
Subjects:
Online Access:http://hdl.handle.net/10773/16546
Country:Portugal
Oai:oai:ria.ua.pt:10773/16546
Description
Summary:A investigação Fotografia e Corpo Diferenciado: A Imagem entre R. Barthes e G. Batchen, procura compreender as razões para a necessidade crítica e histórica de regressarmos à fotografia de eventos traumáticos do século XX – tal como a encontramos na obra de Susan Sontag (2003), Georges Didi- Huberman (2004, 2009), Susie Linfield (2010), ou Jay Prosser (2012) – e propõe um reenquadramento do cânone barthesiano da fotografia a partir de dois momentos. Primeiro, a compreensão da modernidade da fotografia, entre 1840 e 1960, como o período no qual a prática e a teoria da fotografia edificam o estabelecimento da diferença: relações de contradição ou antinomia entre dois termos, nomeadamente, negativo versus positivo, ou studium versus punctum. Segundo, a compreensão do cânone da fotografia enunciado por Barthes em La Chambre claire (1980), como afirmação da modernidade da fotografia – o tangível, o ponto de vista, o instante, o detalhe, o punctum – num momento no qual já se contestava a modernidade. Operando com os conceitos de studium e de punctum, interessa-nos questionar a possibilidade de relacionarmos a dor pessoal suscitada pela fotografia num contexto privado com a dor social gerada pelo nosso confronto com fotografias nas quais vemos o sofrimento dos outros. Para o desenvolvimento desta investigação, são trabalhadas, como obras essenciais os cursos de Barthes Le Neutre (1977- 1978) e La Préparation du Roman (1978-1980), La Chambre claire (1980) e as obras Burning with Desire (1997) e Photography Degree Zero (2009), de Geoffrey Batchen. Em Burning with Desire, Batchen utiliza a différance de Jacques Derrida enquanto método mas, como o evidenciamos, o processo de desconstrução da différance não possibilita a sua estabilidade como método e, assim, conduz-nos à concepção derridiana da fotografia como performatividade e fantasmagoria (2010, 2014). O desejo de neutro barthesiano expressando a vontade de derrotar o paradigma, ou seja, de evitar a necessidade da exclusão de um dos termos de um confronto dialético, aproxima-se da différance derridiana embora no âmbito de uma concepção essencialista da fotografia. O deslocamento discursivo dos protofotógrafos associa-se ao desejo de neutro. Mas o desejo de neutro é também o desejo do sujeito perder o medo da imago e, desse modo, disponibilizar o seu olhar para os outros. O atual regresso crítico da teoria da fotografia a fotografias do século XX nas quais o ser humano foi alvo de violência significa, então, um reenquadramento do punctum enquanto dor privada e pessoal para o punctum enquanto dor social.