Summary: | A partir de 1128, o jovem infante portucalense, Afonso Henriques, iniciou a condução de um processo de afirmação política e militar que visava a elevação do seu condado à categoria de reino e, consequentemente, à sua independência face à tutela do Reino de Leão. Apesar de longo, o processo acabaria por se concretizar com o reconhecimento definitivo do Reino de Portugal por parte do papa Alexandre III, em 1179. Durante o meio século que durou este percurso, ora diplomático, ora beligerante, Afonso Henriques cunhou as primeiras moedas nacionais portuguesas, afirmando-se como rei de Portugal e, ao mesmo tempo, desenhando os primeiros esboços do universo heráldico dos emblemas nacionais. Todavia, as primeiras cunhagens de Afonso Henriques representam ainda uma variedade de símbolos, tanto pes-soais, como institucionais, que têm sido objeto de diferentes interpretações, nem sempre fáceis de descodificar. Propomos neste trabalho fazer uma interpretação iconológica de um dos espécimes mais difundidos do primeiro rei de Portugal: o chamado dinheiro de duplo báculo, contextualizando a adoção do emblema ancoriforme patente nestas moedas, com a tradição monetária merovíngia e a sua continuação no ducado de Borgonha, génese dinásti-ca da linhagem paterna de Afonso Henriques.
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