Rodrigo de Castro. A Peste de Hamburgo. Tratado breve da sua natureza e causas

Rodrigo de Castro (1546-1627), português de origem sefardita, alcançou notoriedade como médico em Lisboa, cidade que decidiu abandonar nos últimos anos do século XVI provavelmente devido ao clima de crescente intolerância religiosa. Chegado a Hamburgo, cidade atacada pela peste em 1596, logo publico...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Mota, Bernardo (author)
Other Authors: Pinheiro, Cristina (author), Silva, Gabriel A. F. (author)
Format: book
Language:por
Published: 2021
Subjects:
Online Access:http://hdl.handle.net/10451/49199
Country:Portugal
Oai:oai:repositorio.ul.pt:10451/49199
Description
Summary:Rodrigo de Castro (1546-1627), português de origem sefardita, alcançou notoriedade como médico em Lisboa, cidade que decidiu abandonar nos últimos anos do século XVI provavelmente devido ao clima de crescente intolerância religiosa. Chegado a Hamburgo, cidade atacada pela peste em 1596, logo publicou, em latim, um pequeno tratado para explicar a natureza e as causas da peste, sugerir medidas profilácticas e de organização sanitária, e resumir os procedimentos terapêuticos e as receitas de medicamentos que considerava mais eficazes no combate à doença. Além de ser testemunho da melhor informação científica disponível à época, da prática médica do momento, e da actualização operada sobre as obras médicas clássicas gregas, latinas e árabes, o tratado constitui um instrumento de apoio à decisão destinado a salvaguardar os agentes políticos e os órgãos de governo da cidade de Hamburgo do desgaste provocado por uma situação de escrutínio público severo, ao mesmo tempo que serve de alavanca de prestígio e valorização do corpo médico. A actualidade e o valor das suas propostas são evidentes: elas abarcam a criação de um quadro de pessoal para monitorização e acompanhamento da situação, a instalação de unidades de saúde dedicadas, a elaboração de registos fiáveis sobre o número de mortos e infectados, a imposição de normas de distanciamento social e até o controle de formas de interacção entre pessoas a ponto de sugerir a eliminação de gestos banais de cumprimento. O esquecimento a que este tratado é votado hoje contrasta com o prestígio que granjeou ao seu autor após a publicação e impede a formação de uma imagem completa da cultura científica dos séculos XVI e XVII. Este volume pretende devolver a Castro o mérito que lhe foi reconhecido na sua época e incentivar o estudo da contribuição dos autores portugueses para a literatura de peste, significativa, mas ainda mal conhecida.