Resumo: | Questiona-se há alguns anos quais os efeitos que a nossa adesão à CEE terá tido no comércio com a nossa vizinha Espanha e com os países do Norte de África: houve aumento da produção nacional em detrimento da produção de produtos semelhantes - e que se destinam à CEE - dos países do Norte de África? Houve aumento ou diminuição da penetração dos produtos espanhóis em Portugal? Outras questões prendem-se com as chamadas teses de redireccionamento do nosso comércio ou, dito de outra forma, com as teses dos que defendem a diminuição da nossa integração europeia (diminuição da nossa hiper-especialização para a Europa, na sua terminologia). As duas teses mais defendidas nos últimos anos são: a do redireccionamento para os EUA (tese da jangada) e a do redireccionamento para África, particularmente para o Norte de África devido à proximidade geográfica. Mais recentemente surgiu a tese de redireccionamento para os mercados emergentes da zona do Pacífico. Esta última tese difere das anteriores porque não põe explicitamente em causa a tese do reforço da nossa integração económica ao nível comunitário, ou dito de outra forma, é possível compatibilizá-la com a nossa tese do reforço da nossa integração europeia pela via do reforço do comércio intra-sectorial. Aqui vamos abordar as questões relacionadas com o comercio com o Norte de África e demonstrar que não têm qualquer suporte na realidade a defesa do redireccionamento das nossas empresas para estes países em detrimento dos mercados comunitários. O factor proximidade - importante em termos de análise do comercio intra-sectorial tem de ser compreendido num sentido mais lato: proximidade geográfica em termos de menores custos de transporte, mas proximidade, também e fundamentalmente, em termos de proximidade das preferências de consumo e culturais. Ou seja, quando se fala em proximidade geográfica temos que atender, também, aos níveis de desenvolvimento e crescimento económico. O facto dos países do Magreb e Machreque pertencerem a um continente diferente do continente europeu, e com diferenças substanciais em termos de crescimento e desenvolvimento económico, faz com que a proximidade geográfica com a Espanha seja muito diferente da proximidade geográfica com o Norte de África. Por isso, nos modelos de comércio intra-sectorial para além da variável "distância" entra também a variável "rendimento per capita", entre outras.
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