Summary: | Este livro é um desafio para pensarmos novas viabilidades para os espaços urbanos abandonados da cidade. Esse repto que I. Solà-Morales (1995) fez inicialmente há mais de duas décadas ganhou entretanto especial urgência. As transições cada vez mais rápidas e inesperadas entre ciclos de expansão e de retração da economia mundial, a crescente mobilidade do capital e a volatilidade dos investimentos relacionados com a globalização, e o encolhimento urbano, para o qual pesa grandemente o envelhecimento demográfico de extensas regiões do Globo, convergem para que a presença de terrenos vagos nas cidades se tenha vulgarizado. Por outro lado, vivemos cada vez mais agudamente a aceleração do tempo de que falava Hartmut Rosa (2013), e essa é uma variável que obriga a repensar profundamente os horizontes temporais do urbanismo. Essa aceleração tem consequências na mutabilidade da cidade, na velocidade da ocupação e desocupação dos seus espaços, nas dinâmicas de arruinamento, e, logo, na própria temporalidade do planeamento. Historicamente, a lógica do urbanismo sempre foi a de planear o fixo e o estável, projetando preferencialmente para um longo prazo e para um tempo que se esperava durável. A aceleração do tempo na época em que vivemos vem colocar ao urbanismo contemporâneo o desafio novo de planear também o mutável e transitório, projetando para o curto prazo e para um tempo incerto e breve. Neste livro, pretendemos abrir esse debate sobre a possibilidade de um urbanismo mutante e temporário e sobre a utilidade da sua aplicação aos terrenos vagos das cidades.
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