Resumo: | O cancro constitui uma das principais causas de morte a nível mundial e caracteriza-se pela proliferação descontrolada de células anormais. Infelizmente, os métodos de tratamento convencionais danificam tecidos saudáveis e não eliminam por completo as células cancerosas, conduzindo a recidivas e metástases. A hipertermia magnética constitui uma modalidade terapêutica promissora em que se utilizam nanopartículas magnéticas para induzir um aquecimento restrito à região do tumor, mediante a aplicação de um campo magnético alternado. Porém, a tendência das nanopartículas (NPs) para formar agregados em meio fisiológico requer a modificação da sua superfície com intuito de preservar a sua estabilidade coloidal e propriedades magnéticas. Neste cenário, surge o presente trabalho, em que o principal objetivo envolve a síntese e caracterização de NPs de óxido de ferro com uma superfície melhorada para aferir a sua citotoxicidade em linhas celulares Vero e SaOs-2, bem como avaliar o potencial das NPs sintetizadas como agentes de hipertermia. A síntese via co-precipitação química com e sem tratamento hidrotermal ou por decomposição térmica em trietilenoglicol (TREG) com e sem modificação de superfície com ácido 2,3- dimercaptosuccínico (DMSA), permitiu obter NPs de magnetite hidrofílicas com um núcleo magnético de dimensão inferior a 30 nm. À exceção da amostra com DMSA, todas as NPs evidenciaram excelente biocompatibilidade in vitro. As NPs submetidas a tratamento hidrotermal exibiram uma morfologia aparentemente cúbica, distinta da forma quasi-esférica evidenciada pelas restantes, revelando-se as mais cristalinas e com melhor estabilidade coloidal após a síntese e volvido um mês. Verificou-se que a morfologia cúbica favoreceu a eficiência de aquecimento das NPs, permitindo alcançar temperaturas hipertérmicas. Como tal, as NPs magnéticas com a superfície melhorada por tratamento hidrotermal evidenciaram maior potencial para serem estudadas como agentes de hipertermia no tratamento do cancro.
|