Resumo: | Enquadramento: As quedas representam um grave problema de saúde pública na população idosa, por serem uma das principais causas de morbilidade e mortalidade. O medo de cair é uma consequência das quedas, mas também um fator determinante das mesmas, e tem sido associado à restrição de atividades, declínio físico, diminuição da qualidade de vida e aumento do risco de queda. A Falls Efficacy Scale – International (FES-I) é um dos instrumentos mais usados para avaliar o medo de cair. Contudo, não existem ainda estudos de validação da FES-I para população idosa portuguesa. Objetivos: Este estudo teve como objetivo geral analisar as propriedades psicométricas da versão Portuguesa da Falls Efficacy Scale- International para a população idosa em centro de dia, em termos de consistência interna, fiabilidade teste-reteste e validade concorrente. Pretendeu-se também analisar a relação entre o medo de cair avaliado pela FES-I e variáveis sociodemográficas, de saúde, psicossociais (sintomas de ansiedade e depressão e isolamento social) e de condição física (equilíbrio funcional e mobilidade). Metodologia: Optou-se por um estudo transversal, do tipo descritivo-correlacional, com uma amostra de conveniência, utilizando uma abordagem quantitativa. Para a recolha de dados, foi desenvolvido um protocolo que incluiu: questionário de informação sociodemográfica e de saúde, FES-I, Escala de Ansiedade e Depressão Hospitalar (HADS), Escala Breve de Redes Sociais de Lubben (LSNS-6), Escala de Confiança no Equilíbrio para a Atividade (CEA), Teste Levantar Sentar 5 vezes (TLS5*) e Teste Sentado e caminhar 3 metros e voltar a sentar (TUG). Os dados foram analisados com o recurso à estatística descritiva e inferencial. Resultados: A amostra foi constituída por 100 participantes (77% mulheres) com uma média etária de 81,94±6,43 anos. Os resultados evidenciaram muito boa consistência interna (α=0,917) e excelente fiabilidade teste-reteste (CCI=0,944). Relativamente à validade concorrente, verificou-se uma correlação estatisticamente significativa entre a FES-I e a CEA (rs=-0,817; p=0,000). Constatou-se que o medo de cair avaliado através da FES-I varia consoante o género, idade, grau de escolaridade, composição do agregado familiar, uso de dispositivos de apoio, alterações na acuidade visual e auditiva, perceção da saúde física e mental, e presença de medo de cair avaliado por uma questão dicotómica. Também se observaram correlações estatisticamente significativas entre a FES-I, sintomas de ansiedade (HADS-A), sintomas de depressão (HADS-D), equilíbrio funcional (TSL5*) e mobilidade (TUG). Conclusão: Os principais resultados sugerem que a versão portuguesa da FES-I é um instrumento fidedigno e válido que permite medir o medo de cair na população idosa Portuguesa em centro de dia, podendo ser usado na prevenção do risco de quedas.
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