Summary: | A família, apesar de todas as transformações, continua a ser entendida como o primeiro e mais importante agente de proteção e socialização das crianças. No entanto, para algumas, os pais podem deixar de ser agentes protetores, por diversas razões, passando estas funções a ser asseguradas por instituições de acolhimento. Assim, há que procurar um equilíbrio entre a família e os centros de acolhimento para um adequado desenvolvimento do menor. Perante esta realidade, procurámos sistematizar a intervenção dos técnicos responsáveis pelo trabalho com as famílias dos menores em acolhimento institucional prolongado. Para tal, analisaram-se os discursos de seis técnicos de Lares de Infância e Juventude, recolhidos em contexto de entrevista, donde se obteve a sua perceção em relação aos menores acolhidos, às suas famílias, às práticas profissionais utilizadas na intervenção e às dificuldades institucionais sentidas. Desta reflexão concluímos que os jovens sinalizados chegam mais tardiamente ao acolhimento, o que reduz, segundo os técnicos, a possibilidade de se inverter as influências transgeracionais e de alterar as condições que levaram à retirada dos menores, colocando ainda novos desafios quer ao acolhimento, quer à intervenção com as famílias. Por conseguinte, apesar de prevalecer um ceticismo em relação a eventuais mudanças na família, os entrevistados reconhecem que muitas das limitações também decorrem da forma como o sistema se organiza para tentar responder de forma eficaz aos seus problemas.
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