Summary: | Uma «velha» questão, sistematicamente revisitada na literatura de gestão, é a da possibilidade de utilização de modelos e ferramentas modernas (adaptadas à produção industrial clássica), em contextos em que as premissas culturais da organização científica do trabalho não estão presentes. A esta questão pode ‑se responder de duas formas: negando essa possibilidade, ou afirmando ‑a. No primeiro caso é necessário desenvolver modelos específicos de gestão a partir do contexto local, o que pode ser problemático em termos de produtividade e integração no mercado global; no segundo caso, subsistem duas possibilidades: adoptar os modelos de forma acrítica e «moldar» o contexto aos seus ditames, ou adaptá ‑los às realidades locais, reinventando ‑os. Este é o ponto de partida para uma discussão em torno de duas questões fundamentais na gestão em África, a responsabilidade e a liderança, discussão esta desencadeada e ilustrada pelo caso da Prapesca, uma empresa de processamento e comercialização de pescado (sobretudo camarão), que implementou um procedimento de qualidade designado Plano de Autocontrolo. A partir da sugestiva designação deste plano, vamos reflectir sobre a complexidade das empresas modernas no continente africano e acompanhar o percurso de dois empresários portugueses, também eles obrigados a inventar caminhos entre o espírito de aventura e o imperativo da competitividade.
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