O Penedo do Lexim (Mafra) e o Neolítico Final e Calcolítico da Península de Lisboa

O presente trabalho tem por objectivo a análise das dinâmicas de permanência, ruptura, identidade e influência exógena entre as sociedades camponesas que povoaram a Estremadura portuguesa na segunda metade do 4º milénio e 3º milénio a.n.e., lidas através da ocupação pré-histórica do Penedo do Lexim...

ver descrição completa

Detalhes bibliográficos
Autor principal: Sousa, Ana Catarina (author)
Formato: book
Idioma:por
Publicado em: 2021
Assuntos:
Texto completo:http://hdl.handle.net/10451/50112
País:Portugal
Oai:oai:repositorio.ul.pt:10451/50112
Descrição
Resumo:O presente trabalho tem por objectivo a análise das dinâmicas de permanência, ruptura, identidade e influência exógena entre as sociedades camponesas que povoaram a Estremadura portuguesa na segunda metade do 4º milénio e 3º milénio a.n.e., lidas através da ocupação pré-histórica do Penedo do Lexim (Mafra). As escavações que dirigi no Penedo do Lexim (1998-2004) forneceram uma base documental que sustenta uma reavaliação dos modelos interpretativos. Propõe-se um modelo polissémico para estes sítios, de vincada função residencial, apresentando estratégias defensivas, mas não necessariamente militares, e que são também palco de vivências ritualizadas, sobretudo nas fases terminais da sua ocupação. A leitura do povoamento da área da Ribeira de Cheleiros permite complementar a perspectiva, fornecendo um campo de análise para realização de leituras de dinâmica de povoamento no espectro cronológico considerado. As dinâmicas sociais e económicas do povoamento parecem registar distintas fases, que podem traduzir outras tantas ordens sociais. No Neolítico final, regista-se um povoamento disseminado, com uma variedade de tipos de implantação e de áreas ocupadas; no início do 3º milénio, parece existir uma concentração do povoamento em sítios proeminentes e a emergência das primeiras muralhas e, finalmente, na segunda metade do 3º milénio, com a generalização do uso das cerâmicas campaniformes há uma verdadeira fissão do povoamento em unidades de povoamento de pequena dimensão. Os dados recentemente identificados no Sul peninsular evidenciam que a Estremadura nunca teve um carácter central nas dinâmicas sociais e económicas, mantendo um povoamento relativamente disseminado, sem a hierarquização de grande escala que se regista no Sul peninsular. No Sul peninsular, o 3º milénio a.n.e. parece congregar um mosaico, onde componentes como a arquitectura defensiva, a metalurgia, a consolidação agro-pastoril e a emergência de complexificação social surgem integradas na dinâmica interna regional, evidenciando contactos, mas sem permitir a clara definição de centros e periferias.