Summary: | No contexto do ciclo de vida da família, a maternidade/paternidade surgem como realidades distintas, quer na dimensão temporal quer na dimensão vivencial. Por vezes, confundidas e interpretadas como sinónimas na realidade de ser mãe/pai, sustentam, na sua interligação, todo um processo de transição e adaptação. Entre todas as transições (quer a nível individual quer a nível de casal), aquela que se destaca é a que ocorre quando a mulher e o homem se tornam pais. A transição para a parentalidade é frequentemente descrita como um momento de crise, sobretudo no caso do primeiro filho. Esta acarreta uma série de transformações físicas (do corpo da mulher) e relacionais (da mulher/homem de cada um dos membros e consigo próprios e com as famílias de origem), que envolvem uma reorganização a todos os níveis (biológico, cognitivo, emocional, relacional e social), razão pela qual, esta fase é consensualmente entendida como um período de profunda transformação no desenvolvimento, dos envolvidos. (Colman & Colman, 1998; Canavarro, 2001; Figueiredo, 2005). A este respeito Dickie (1987) acrescenta que a mulher experimenta maior perturbação com os seus novos papéis, nomeadamente pelas mudanças que ocorrem aos mais diversos níveis. Dado que esta reorganização pode ser distinta ao longo do tempo que se segue ao parto pretendeu-se com este estudo da natureza transversal identificar os factores que contribuem para a adaptação materna e paterna, em pais e mães pela primeira vez, durante os seis meses de idade do filho. Para concretizar este objectivo, foi considerada como variável dependente, a adaptação parental ao nascimento do primeiro filho. A amostra de casais foi de conveniência e intencional foi constituída 133 pais que frequentaram a consulta nos centros de saúde da RAM, no período compreendido entre Junho e Agosto de 2009. Relativamente à recolha de dados utilizaram-se o Teste de Transição Parental, a Escala de Percepção de Stress (Perceived Stress Scale) e Escala de Avaliação de Emoções. Na analise os dados verificaram-se diferenças significativas no género relacionadas com as dimensões nas variáveis necessidades individuais e culpa, sendo as mães que apresentando valores mais elevados, que apresentam maiores índices de stress percebido. Esta constatação permite que se considere que as mães possuem maiores, mais dificuldades na adaptação ao nascimento do primeiro filho. O apoio dos profissionais de saúde, quer a nível técnico quer emocional evidencia-se como crucial fundamental nesta etapa do desenvolvimento do casal e do filho. Por último, verifica-se que os resultados concordantes à luz da contextualização teórica.
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