Summary: | Um dos tra?os mais evidentes da sociedade portuguesa atual ? a tend?ncia para o aumento da longevidade e envelhecimento populacional (Pa?l & Fonseca 2005). Por?m, de acordo com Bastos, Faria e Lamela (2011) o problema atual ?: (1) saber que semelhan?as e diferen?as existem entre os idosos (variabilidade intra e interpessoal), e (2) como contribuir para o bem-estar desses adultos mais velhos. Neste sentido, para Pa?l (2005a) ? importante n?o s? estudar o indiv?duo, mas tamb?m as pol?ticas sociais e o planeamento dos servi?os para idosos. Para esta autora, o ambiente ? o grande desafio, sobretudo numa fase da vida em que as interven??es na pessoa s?o menos eficazes e a melhoria da qualidade de vida passa por mudan?as ambientais. ? neste contexto que a Gerontologia Social se torna pertinente, ao estudar o impacto das condi??es socioculturais e ambientais no processo de envelhecimento e na velhice, as consequ?ncias sociais desse processo, assim como as a??es sociais que podem contribuir para otimizar o processo de envelhecimento (Fern?ndez-Ballesteros, 2004). Face ao exposto, o presente estudo tem como objetivos: (1) descrever a popula??o em estudo em fun??o das caracter?sticas sociodemogr?ficas, capacidades funcionais, cognitivas e socio-emocionais, assim como a utiliza??o e necessidade sentida de servi?os; (2) analisar as rela??es entre as vari?veis em estudo. Tomando como refer?ncia os dados do Censo ? popula??o, o presente estudo conta com uma amostra de 84 pessoas idosas (cerca de 5% da popula??o com 65 ou mais anos), a residir nas freguesias do Munic?pio sob investiga??o. Em termos de estrat?gias de amostragem foi utilizada a t?cnica ?bola de neve?. A recolha de dados foi efetuada no domic?lio, utilizando o Protocolo de Avalia??o de Necessidades Comunit?rias associadas ao Envelhecimento da Popula??o (ANCEP_GeroSoc; Bastos, Faria, Moreira, & Melo de Carvalho, 2011). Os dados foram analisados seguindo a tradi??o da investiga??o no dom?nio. Fazem parte deste estudo 84 pessoas idosas, maioritariamente do sexo feminino (61.9%), com uma m?dia de idade de 74 anos (dp=6.57), a viverem em ?reas predominantemente urbanas (54.8%), casadas (54.8%), com filhos (86.9%) e com n?veis de escolaridade reduzidos (23.0% analfabetos e 57.0% com 1 a 4 anos de escolaridade). Todos os participantes partilham da condi??o de reformado. Estes idosos contam com uma rede de suporte social extensa, constitu?da por familiares, vizinhos e amigos. No que respeita aos servi?os, dos cinco grupos avaliados, o grupo dos servi?os sociais e recreativos (que inclui as viagens, o desporto e os servi?os sociais/recreativos) ? o que apresenta em termos globais maior utiliza??o e necessidade sentida. A an?lise da rela??o entre vari?veis indica que: (1) quanto mais independentes os idosos s?o nas atividades b?sicas da vida di?ria, mais independentes se mostram nas atividades instrumentais da vida di?ria, menos d?fice cognitivo e menos risco de sintomatologia depressiva apresentam; (2) quanto mais dependentes s?o nas atividades instrumentais da vida di?ria, mais risco de depress?o apresentam; (3) quanto menor ? o d?fice cognitivo, menor ? a sintomatologia depressiva observada. A satisfa??o do idoso com a rela??o familiar n?o se mostra significativamente correlacionada com nenhuma das restantes dimens?es do envelhecimento. Assim, a evid?ncia reunida poder? ser tomada como ponto de partida para o desenho de futuras pol?ticas, servi?os e/ou programas de base comunit?ria com vista a promover a qualidade de vida e bem-estar das pessoas idosas.
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