Summary: | Na sociedade actual, o consumo tem um papel fundamental no modelo sócio-económico. O estilo de vida das famílias e o consumo daí resultante são em última análise responsáveis pelas pressões geradas sobre o Planeta. É importante consciencializar os consumidores, as empresas e as autoridades públicas sobre as consequências das suas escolhas em matéria de produção e consumo. A análise de ciclo de vida é a ferramenta usada neste estudo, que permite a selecção e interpretação dos impactes decorrentes do consumo das famílias portuguesas. O objectivo principal desta dissertação consiste em estabelecer um padrão de consumo médio dos consumidores portugueses, definindo uma “pegada ambiental” por categorias de consumo, percebendo como diferentes hábitos podem mudar essa pegada. Desta forma, realiza-se uma quantificação de pressões ambientais associadas ao consumo de recursos e à emissão de poluentes, segundo o método EcoBlok. Uma família média portuguesa consome um volume de água de 721 m3 eq./ano, 112 t eq./ano de recursos extraídos (minerais e biomassa), 0,6 ha eq. de uso do solo, 19 t CO2 eq./ano de emissões de gases com efeito de estufa (GEE), 8 t NOx eq./ano de poluentes atmosféricos e 16 t N eq./ano de poluentes para a água e solo. Isto significa que uma família média apresenta um consumo anual de água superior em três vezes o volume da sua habitação, uma extracção anual de recursos correspondente ao peso de uma baleia azul, um uso do solo correspondente a metade de um campo de futebol, uma emissão anual de GEE correspondente ao peso de 3 elefantes e uma emissão anual de poluentes para o ar, água e solo correspondente a 3 camiões carregados de cimento. As categorias de consumo das famílias portuguesas que causam maior pressão ambiental são os transportes, a habitação e a alimentação, o que está em linha com as maiores despesas das famílias e com a literatura internacional sobre os hábitos de consumo. Demonstra-se que agregados familiares da mesma tipologia apresentam pegadas ambientais que podem variar do simples para o triplo, corroborando a hipótese de trabalho inicial de que o estilo de vida é determinante nas pressões ambientais geradas.
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