Resumo: | No debate que atravessou os últimos anos do século XX, opondo os que defendiam uma ontologia da performance como uma prática resistente à documentação aos que se situavam no lado oposto, advogando a documentação e a criação com recurso a tecnologias de registo e reprodução, nomeadamente áudio-visual, o livro Unmarked, de Peggy Phelan (1993) desempenhou um papel fundamental. Escrito com o intuito de promover a resistência à crescente mercantilização da cultura, Unmarked foi lido como uma defesa da impossibilidade material da documentação e registo das práticas performativas, sem atender às nuances do pensamento da autora nem às suas bases psicanalíticas e ideológicas. Este artigo procura passar em revista os argumentos do livro, situando-os no quadro do debate sobre a documentação do efémero, entre a ontologia e a ideologia.
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