Summary: | O presente estudo incide na temática da Gestão Curricular no 1º Ciclo do Ensino Básico. Visa contribuir para a clarificação do conceito emergente de Gestão Curricular Centrada na Escola, no contexto do 1º Ciclo, procurando aprofundar o mesmo conceito no caso particular da monodocência. A ênfase é colocada na análise e compreensão da gestão curricular, na sua complexidade e configuração específica, tal como é concebida e estruturada, em situação, pela exploração dos discursos e das práticas dos professores. Participaram neste estudo seis docentes do 1º Ciclo do Ensino Básico da Região Autónoma dos Açores. Para tal, foram adoptados procedimentos distintos mas complementares: a realização de entrevistas semi-estruturadas, análise de documentos orientadores das práticas (Projecto Educativo e Plano de Actividades), e a realização de observações directas, semi-estruturadas. A abordagem consubstanciou-se na identificação das concepções que informam as práticas e na análise das práticas propriamente ditas, no sentido de identificar, nas concretizações em situação, o modo como as dimensões identificadas ao nível do discurso se operacionalizam, qual o significado que traduzem no que respeita ao conceito de gestão curricular e ao conceito de profissionalidade docente. Os dados recolhidos foram tratados através de análise de conteúdo, no intento de descortinar os aspectos relevantes acerca das concepções e das concretizações em situação. Os resultados encontrados possibilitam um conhecimento mais concreto das relações e cruzamentos das racionalidades subjacentes às concepções expressas nos discursos dos docentes e ao protagonismo destes nas práticas de gestão curricular. São identificados, nos discursos e nas práticas dos docentes participantes neste estudo, aspectos que indiciam a predominância de uma orientação pela racionalidade técnica, marcada por concepções de homogeneidade e ‘naturalização’ das dinâmicas desenvolvidas no conforto dos instrumentos orientadores formalmente legitimados, no contexto de uma profissionalidade marcada por um ‘poder’ restrito e um ‘saber’ sobretudo técnico, condicionados por uma ‘função’ concebida de forma pouco autónoma e por um nível elementar de ‘reflexividade’.
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