Estudo molecular da resistência antifúngica de Candida parapsilosis

A incidência de infeções fúngicas invasivas por Candida parapsilosis tem vindo a aumentar ao longo da última década. O maior grupo de risco por este tipo de infeção são indivíduos imunodeprimidos, principalmente neonatos de baixo peso, sendo esta levedura transmitida por via horizontal principalment...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Branco, Joana Alexandra Vilarinho (author)
Format: masterThesis
Language:por
Published: 2013
Subjects:
Online Access:http://hdl.handle.net/10773/9507
Country:Portugal
Oai:oai:ria.ua.pt:10773/9507
Description
Summary:A incidência de infeções fúngicas invasivas por Candida parapsilosis tem vindo a aumentar ao longo da última década. O maior grupo de risco por este tipo de infeção são indivíduos imunodeprimidos, principalmente neonatos de baixo peso, sendo esta levedura transmitida por via horizontal principalmente através do contato com as mãos dos prestadores de cuidados de saúde. Para o tratamento destas infeções estão disponíveis 4 classes de agentes antimicóticos, mas destes os mais utilizados são os azóis. Os agentes azólicos têm como alvo a via biossintética do ergosterol, principal constituinte da membrana celular fúngica, através da inibição direta da enzima lanosterol 14α-demetilase. Um estudo recente demonstrou que as estirpes resistentes obtidas após exposição de uma estirpe clínica suscetível de C. parapsilosis BC014 aos antifúngicos azólicos, fluconazol e voriconazol, aumentaram a expressão de transportadores membranares de efluxo MDR1, assim como o fator de transcrição Mrr1 que controla a sua expressão. Após sequenciação do gene MRR1 das estirpes resistentes BC014RFLC e BC014RVRC foram encontradas mutações sense-to-sense G583R e K873N, respetivamente. Encontra-se descrito para C. albicans que a sobre-expressão do MRR1 e do MDR1 está relacionada com mutações gain-of-function neste fator de transcrição. De forma a investigar a importância das mutações pontuais no fator de transcrição Mrr1, identificadas nas estirpes resistentes, pretendia-se efetuar a deleção do gene MRR1 na estirpe clínica suscetível BC014 e seguidamente à sua complementação independente com os genes mutados. Para tal foi utilizada a ferramenta molecular SAT1-Flipper. No entanto, perante a impossibilidade da obtenção de clones Δmrr1/Δmrr1, o trabalho prosseguiu com a complementação de uma estirpe de C. parapsilosis Δmrr1/Δmrr1, denominada Δ1. A integração dos genes MRR1 mutados, MRR1_RFLC e MRR1_RVRC, não alterou a suscetibilidade aos azóis das estirpes complementadas. Os valores de CIM obtidos foram de 1 μg ml-1 ao fluconazol e 0.03 μg ml-1 ao voriconazol, apresentando fenótipo suscetível. Estes resultados demonstram que as mutações pontuais no gene MRR1 não são gain-of-function, não estando por isso associadas à resistência ao fluconazol e voriconazol em C. parapsilosis.