Morte no domicílio em Portugal : a congruência entre preferência e realidade e as características associadas

Introdução: Numa época em que se desenvolvem os cuidados paliativos em Portugal, torna-se pertinente conhecer o local de morte preferido e real dos doentes. Apenas desta forma será possível tomar decisões políticas e de estratégia assentes em dados científicos. Objetivos: Determinar o local de morte...

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Bibliographic Details
Main Author: Ferreira, Rita Fontes de Carvalho da Cunha (author)
Format: masterThesis
Language:por
Published: 2021
Subjects:
Online Access:http://hdl.handle.net/10400.14/32314
Country:Portugal
Oai:oai:repositorio.ucp.pt:10400.14/32314
Description
Summary:Introdução: Numa época em que se desenvolvem os cuidados paliativos em Portugal, torna-se pertinente conhecer o local de morte preferido e real dos doentes. Apenas desta forma será possível tomar decisões políticas e de estratégia assentes em dados científicos. Objetivos: Determinar o local de morte preferido, o local de morte real e a congruência entre preferência e realidade dos doentes acompanhados em cuidados paliativos em Portugal. Identificar características facilitadoras para a preferência, a ocorrência e a congruência da morte no domicílio destes doentes. Metodologia: Estudo epidemiológico, observacional, transversal e analítico, iniciado com uma investigação do Observatório Português dos Cuidados Paliativos. A população foi composta pelos doentes que receberam cuidados paliativos em Portugal durante 2017, com informação acessível através de 61 instituições. Os profissionais das instituições registaram os dados solicitados numa base de dados construída para o efeito. Resultados: Obteve-se uma taxa de resposta das instituições de 9,8%. Entre os 376 doentes, 68,7% preferia morrer no domicílio, 16,6% numa unidade de cuidados paliativos (UCP), 3,1% num hospital e 1,1% num lar. Quanto ao local de ocorrência da morte, 54,3% morreu numa UCP, 22,9% num hospital, 22,3% no domicílio e 0,5% num lar. A concordância geral foi 53,3% (k=0,31) e, entre os que preferiam o domicílio, 32,4% (k=0,26). Identificámos associações estatisticamente significativas com diversas variáveis, tanto modificáveis como não modificáveis e relativas quer ao doente, quer ao cuidador. Discussão e conclusão: Apesar da impossibilidade em extrapolar para a população nacional, a distribuição das preferências do local de morte constitui talvez a melhor aproximação existente em doentes em Portugal. Apesar da predominância da preferência pela morte no domicílio, a maioria morreu numa instituição. A congruência foi apenas razoável no geral e ainda menor no domicílio. O conhecimento das características influenciadoras deverá auxiliar decisores e gestores na definição de estratégias consistentes e adequadas à realidade portuguesa.