Summary: | O autoconceito e as interações sociais na cegueira têm sido objeto de escassos estudos ao longo dos tempos. A experiência de abordar o autoconceito e as interações sociais na cegueira é uma tentativa de clarificar o processo de construção de si mesmo de um grupo social que ainda é pouco indagado. Desta forma, esta investigação pretende aprofundar os conhecimentos sobre a estrutura do autoconceito de crianças/jovens com cegueira, verificar como estes estabelecem as suas relações sociais, conhecer qual o nível de aceitação pelo seu grupo de pares, verificando o número de vezes que o aluno com cegueira é preferido e rejeitado, descodificando o seu estatuto sociométrico e relacionar autoconceito e popularidade. A amostra é composta por 6 alunos com cegueira, com idades compreendidas entre os 14 e os 18 anos, que frequentam o 8º, 10º e 11º anos em estabelecimentos de ensino públicos do centro do país. Para atingir estes objetivos, aplicaram-se dois instrumentos: a Escala de Autoconceito para Crianças de Piers-Harris (versão portuguesa) e um teste sociométrico aplicado aos alunos com cegueira, bem como aos seus grupos de pares. Conclui-se que a amostra em estudo apresenta para ambos os fatores do autoconceito uma média normal. Depois de analisados e identificados os diferentes estatutos, verifica-se que 4 alunos pertencem ao estatuto negligenciado e 2 alunos apresentam o estatuto rejeitado. Com base nos resultados obtidos confirma-se que os alunos com cegueira têm perceção clara e evidente de quem é popular e rejeitado no seu grupo de pares, apesar de pertencerem a grupos com menor visibilidade. No que concerne à competência percebida pelos alunos com cegueira, os resultados indicam que o nível de aceitação pelo grupo de pares parece não ter influência no autoconceito nos diferentes fatores.
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