Resumo: | Este trabalho de investigação resultou de um projeto de investigação-ação participativa com crianças institucionalizadas. Estas têm idades compreendidas entre os 7 e os 13 anos de idade. Para compreender como este grupo minoritário sentia a sua condição de cidadãos dinamizámos várias sessões num processo sensível às crianças, aos seus sentimentos e ao seu pensamento acerca das questões que as afetam no seu dia-a-dia. Quisemos valorizar e reconhecer o direito de as crianças institucionalizadas, inseridas no Centro de Acolhimento Temporário de Recardães, aldeia a poucos quilómetros da Cidade de Águeda, serem atores sociais, implementando a sua capacidade de atuar, conhecer e questionar, participando do seu próprio processo de crescimento pessoal e social. Este projeto tenta comprometer-se com o respeito pela Convenção dos Direitos da Criança, nomeadamente os princípios da não discriminação; do interesse superior da criança, do direito a um nível de vida suficiente, bem como o direito à participação. A participação protagonista das crianças foi promovida através de várias formas de escuta, em que o investigador se incluiu nos seus interesses, colocando e recolocando questões, deixando espaço para a comunicação do que realmente lhes interessa nos espaços, lugares com que contactam. Gerámos dados que nos permitem o desafio de caminhar no sentido de uma verdadeira conscientização de nós e dos outros, trabalhando para que respeitem e façam cumprir os direitos das crianças, tornando-as mais autênticas. Numa sociedade que tende à homogeneização, torna-se fulcral dar visibilidade e voz à sua condição de sujeito com direitos e de ator social cuja leitura da realidade e competências de participação social merecem ser tomadas em conta na reconstrução do meio que as envolve. Assim, este meio terá lugares amigos das crianças, pensados segundo escuta de opiniões das mesmas.
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