Envolvimento emocional inicial dos pais com o bebé

Embora a vinculação da criança aos pais tenha sido largamente investigada, a vinculação dos pais à criança está praticamente por estudar. A ideia de que o envolvimento emocional dos pais é uma circunstância determinante para a qualidade da interacção e dos cuidados que providenciam, e, por consequên...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Figueiredo, Bárbara (author)
Other Authors: Costa, Raquel A. (author), Marques, A. (author), Pacheco, Alexandra P. (author), Pais, A. (author)
Format: article
Language:por
Published: 2005
Subjects:
Online Access:http://hdl.handle.net/1822/4715
Country:Portugal
Oai:oai:repositorium.sdum.uminho.pt:1822/4715
Description
Summary:Embora a vinculação da criança aos pais tenha sido largamente investigada, a vinculação dos pais à criança está praticamente por estudar. A ideia de que o envolvimento emocional dos pais é uma circunstância determinante para a qualidade da interacção e dos cuidados que providenciam, e, por consequência, um factor que influencia o desenvolvimento da criança, tem sido contudo amplamente divulgada na literatura. O estudo que apresentamos neste artigo destina-se a investigar o envolvimento emocional inicial dos pais com o bebé. Desenvolve-se em torno de 3 objectivos principais: 1) descrever o envolvimento emocional com o recém-nascido, das mães e dos pais, na primeira semana que se segue ao parto; 2) analisar diferenças, entre mães e pais, no envolvimento emocional inicial com o filho; 3) avaliar mudanças no envolvimento emocional com o bebé das mães, durante a primeira semana do pós-parto. Para esse efeito, a escala Bonding (Figueiredo, Marques, Costa, Pacheco, & Pais, 2004) foi administrada nas 24 horas seguintes ao parto, a 150 mães, e, entre as 24 e as 48 horas do pós-parto, a 315 mães e 141 pais (N=456), cujos bebés nasceram na Maternidade Júlio Dinis (Porto). Os resultados obtidos mostram que, na semana seguinte ao parto, a maior parte das mães e dos pais relata: (1) elevado envolvimento emocional positivo (respectivamente, 71% e 73%), (2) pelo menos uma emoção não claramente relacionada com o ‘bonding’ (respectivamente, 76% e 70.9%), (3) ausência de emoções negativas para com o filho (embora algum envolvimento emocional negativo esteja presente em 21% das mães e 16.3% dos pais). Mostram também que, embora não seja muito diferente o envolvimento emocional das mães e dos pais em relação ao recém-nascido, as mães sentem-se, contudo, significativamente mais tristes, mais possessivas e mais receosas e, no geral, exibem mais emoções não claramente relacionadas com o ‘bonding’ e estão menos vinculadas ao bebé do que os pais, 48 horas depois do parto. Da análise dos resultados surge ainda que, 48 horas depois do parto, as mães estão significativamente menos receosas na presença do bebé do que nas primeiras 24 horas e que as emoções não claramente relacionadas com o ‘bonding’ tendem a diminuir ao longo dos primeiros dias do puerpério. Conclui-se assim que, na semana seguinte ao nascimento do bebé, (1) a generalidade das mães e dos pais exibe elevado envolvimento positivo, pelo menos uma emoção não claramente relacionada com o ‘bonding’, diminuto ou ausente envolvimento emocional negativo com o filho. (2) Os pais têm um melhor envolvimento emocional inicial com o recém-nascido do que as mães. (3) Num tão curto espaço de tempo quanto um dia, observam-se ligeiras mudanças positivas na qualidade das emoções que as mães dirigem ao bebé. Conclui-se ainda a propósito da importância de investigar o envolvimento emocional inicial dos pais com o bebé e de reflectir acerca das condições que podem beneficiar o ‘bonding’ das mães e dos pais, nos momentos que se seguem ao parto.