Resumo: | As corridas de cavalo, denominadas de turfe, se apresentaram como um objeto expoente para observar e analisar questões referentes aos jogos de apostas praticados na cidade do Rio de Janeiro. A comunhão entre um espetáculo esportivo e um mercado de jogos de azar produz nas corridas do turfe possibilidades de os jogadores participarem das corridas de forma ativa, mediante a constante produção de apostas. As denominadas casas de apostas se estabelecem como espaços estratégicos que possibilitam um acompanhamento cotidiano dessa atividade. Os apostadores do turfe utilizam diversos saberes num intricado e complexo processo classificatório, com elementos ditos intuitivos ou racionais. Para um apostador experiente, a utilização de informações, conhecimentos e saberes referentes a técnicas específicas é essencial para a produção de um bom jogo; as suas avaliações envolvem tensões permanentes entre disputas e colaborações, obrigações e deveres, armadilhas e solidariedades. Em conjunto, esses fatores podem ser representados como gradações de uma ciência. Esta parece pretender deixar pouca margem para o acaso, mas também se deixa cercar por magia, uma vez que há sempre uma variável, um aspecto ou dimensão que se admite deixar escapar no processo de conjunção entre dados e intuições.
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