Summary: | Vários estudos morfométricos e moleculares têm agrupado as subespécies de Apis mellifera L. em quatro linhagens evolutivas: Africana (A), Médio Oriente (O), Europeia Oriental (C) e Europeia Ocidental (M). Na Europa Ocidental, a Ibéria alberga a abelha ibérica, A.m. iberiensis Engel. Estudos mitocondriais da abelha ibérica baseados na região intergénica tRNAleu-cox2 têm revelado um padrão de haplótipos de elevada complexidade, devido à origem híbrida ancestral Africana (A) e Europeia (M). Esta região mitocondrial é constituída por uma sequência não codificante, formada pelos elementos P (P0, P, P1) e Q (1 a 5 repetições), e tem sido usada para descrever as diferentes linhagens evolutivas. O genoma mitocondrial foi inicialmente considerado uma molécula neutral. Porém, estudos recentes têm indicado estar sob selecção. Para reavaliar a complexidade da estrutura genética materna e determinar sinais de selecção que favorecem a adaptação local, 711 colónias de A.m. iberiensis foram amostradas ao longo de três transectos norte-sul na Ibéria. A região tRNAleu-cox2 das 711 amostras foi sequenciada e analisada usando os softwares MEGA, PHYLIP e NETWORK. Por sua vez, os softwares MCHEZA e SAMβADA foram usados para detectar sinais de selecção na mitocôndria. Os resultados confirmaram a existência de um clino sudoeste-nordeste, o qual foi previamente reportado, assim como um maior número de colónias pertencentes à linhagem A do que à M. Um total de 164 novos haplótipos, 113 A e 51 M, foram identificados. A análise de selecção usando o MCHEZA revelou que os elementos P0 e o P estão sob selecção, enquanto o SAMβADA detectou que os elementos P0, P, P1, Q e QQ estão sob selecção associada à precipitação e longitude. Estes resultados realçam a complexa diversidade materna da abelha ibérica, a qual é influenciada pelo meio ambiente, e salientam que a Ibéria é uma fonte de diversidade genética para a abelha melífera.
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