Resumo: | Atualmente, as rolhas microaglomeradas de cortiça são constituídas por grânulos de cortiça e aglomerantes de base petroquímica (contento poliuretanos) pelo que não podem ser consideradas rolhas 100% naturais. Embora o produto seja percecionado pelos clientes como um produto natural, entre 10 a 20% da sua composição ainda provem de um aglomerante de base petroquímica. A crescente preocupação com a sustentabilidade e segurança alimentar, associada ao facto de se tratar de um produto para vedar bebidas alcoólicas, torna evidente a importância de produzir rolhas 100% naturais. Neste contexto, a presente dissertação teve como objetivo estudar e otimizar a aplicação de aglomerantes de base biológica na produção de rolhas de cortiça aglomerada. A metodologia empregue baseou-se no protocolo de validação de novas colas de aglomeração, utilizada na empresa. Inicialmente os aglomerantes de base biológica foram analisados quimicamente de modo a averiguar a conformidade alimentar, sendo esta avaliação feita externamente. Após validação, as matérias-primas foram utilizadas em ensaios à escala piloto, avaliando-se a performance físico-química e mecânica das rolhas obtidas. Posteriormente, foram realizados ensaios de produção em escala semi-industrial envolvendo também a caracterização físico-químico-sensorial do produto final. Foram testadas 3 colas (colas A, C e D) e 5 aditivos (produtos B, E, F, G e H) de origem biológica à escala piloto, dos quais a cola A e o aditivo G foram aprovados e testados em ensaios à escala semi-industrial. A partir destes produziram-se rolhas microaglomeradas que respeitam os requisitos de performance técnica (massa volúmica, humidade, resistência à fervura, absorção, torção e compressão/relaxação) exigidos para este produto final. Obtiveram-se assim rolhas bio microaglomeradas constituídas por granulado de cortiça, cola A e aditivo G, contendo tratamento de superfície I. Estas rolhas correspondem a uma incorporação de 94,5% de biomassa, das quais já se realizou um engarrafamento em cave para estudos posteriores, conforme protocolo de validação interno.
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