| Resumo: | O principal objectivo da presente dissertação consiste na caracterização da formação social calcolítica da primeira metade do III milénio A.C. do Sul de Portugal e na análise das transformações económico-sociais ocorridas na segunda metade do mesmo milénio, associadas à crise do modo de produção do Calcolítico do Sudoeste Ibérico, de cujo colapso resultará um novo modelo de organização social mais centralizado e hierarquizado, característico das sociedades da Idade do Bronze. A sustentação empírica dos modelos teóricos formulados é constituída pelos dados arqueológicos e base documental resultantes das escavações em extensão, dirigidas pela autora, no povoado do Porto das Carretas (Mourão), localizado na margem esquerda do médio Guadiana. Este arqueossítio foi contextualizado às escalas local (território do Triângulo da Luz) e regional (Sul de Portugal e Sudoeste da Península Ibérica). De entre a multiplicidade de factores que explicam as mudanças económicas e socioculturais, elegeu-se, como motor dos processos de transformação social, a intensificação da produção, ou seja, o desenvolvimento das forças produtivas. Na fase de emergência do processo de calcolitização valoriza- se a chamada revolução dos produtos secundários da criação de gado, a que a autora associa um modelo de organização social tribal complexo. O colapso desse modelo de organização social cria as condições para a emergência de um novo tipo de sociedade mais desigual e hierarquizada (Horizonte Campaniforme), cujos acréscimos de complexidade social são correlacionáveis com o pleno domínio da metalurgia (cobre arsenical e ouro) e divisão social do trabalho (artífices especializados).
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