Summary: | As Perturbações dos Sons da Fala representam uma grande parte da casuística dos terapeutas da fala. Estas incluem diversas perturbações (articulatórias ou fonológicas) podendo comprometer a inteligibilidade do discurso das crianças. A intervenção junto das crianças com Perturbação dos Sons da Fala pode ser feita com a aplicação de diversas abordagens, sendo que estas podem ser de base articulatória ou fonológica. A presente investigação pretende, desta forma, explorar a utilização das diferentes abordagens de intervenção na prática clínica dos terapeutas da fala em Portugal, de modo a conhecer as abordagens mais frequentemente utilizadas na intervenção com crianças que apresentem perturbação fonológica. A recolha dos dados foi realizada através da disponibilização de um questionário na plataforma web Advanced Communication and Swallowing Assessment (ACSA) acsa.web.ua.pt, a partir do qual foram obtidas oitenta e oito respostas. Os resultados mostram que na intervenção com crianças que apresentem perturbação fonológica as abordagens mais utilizadas são a Terapia da Consciência Fonológica (97% dos terapeutas da fala que participaram no estudo), a Discriminação Auditiva (92%), a Abordagem Centrada na Família (58%) e a Terapia dos Pares Mínimos (75%). A grande maioria dos terapeutas da fala combina várias abordagens na sua intervenção. Verifica-se ainda que uma grande percentagem de terapeutas da fala utiliza abordagens de base articulatória, nomeadamente o Treino Articulatório (31%) em casos de perturbação fonológica. Grande parte dos terapeutas da fala (63%) indica que a intervenção é realizada uma vez por semana e prolonga-se por um período superior a seis meses (51%). Os dados obtidos na presente investigação estão de acordo com os resultados obtidos em alguns estudos internacionais relativamente às abordagens mais utilizadas na intervenção com crianças com perturbação fonológica. No que respeita à frequência e duração da intervenção existe discordância nos vários estudos. Relativamente às características descritas pelos terapeutas da fala portugueses para estabelecer o diagnóstico diferencial das perturbações, verifica-se que estas nem sempre refletem os dados disponíveis na literatura atual.
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