Summary: | O presente estudo pretende contribuir para o debate sobre as iniciativas de intervenção local dos arquitetos. Partindo de uma reflexão sobre a participação do arquiteto na sociedade contemporânea – em que se enquadram conceitos críticos como a Arquitetura Não-Solicitada, a Prática Espacial Crítica ou o Agenciamento Espacial – desenvolve-se uma problemática em torno das capacidades de transformação social e territorial destas iniciativas, enquadrada na literatura contemporânea referente às Estratégias Sociais Criativas e à Inovação Sócio-Territorial e sustentada nas seguintes questões/hipóteses de investigação: Qual a essência e os impactos das iniciativas de intervenção local dos arquitetos em termos de inovação sócio-territoral? Serão estas iniciativas estratégias sociais criativas capazes de gerar inovação sócio-territorial? Seguindo esta orientação teórico-conceptual e uma estratégia metodológica que se baseia no estudo caso de natureza qualitativa, apresentam-se como objeto empírico de investigação as iniciativas TISA e Casa do Vapor, desenvolvidas em 2011 e 2013 na Cova do Vapor, um bairro informal localizado no concelho de Almada. Procura-se assim, especificamente nestas iniciativas, aferir a presença de princípios característicos das estratégias sociais criativas, analisar o seu eventual contributo para o processo de inovação sócio-territorial da Cova do Vapor e extrair deste caso alguns desafios a uma prática proactiva socialmente inovadora. De um modo geral, considera-se que a arquitetura revela uma significativa capacidade para impulsionar a inovação sócio-territorial, na medida em que é capaz de promover a coesão social, tanto através da produção coletiva de discursos e elementos representativos e críticos do espaço, como através da criação coletiva de lugares de encontro.
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