Resumo: | Nos dias de hoje, as atividades de investigação, inovação e desenvolvimento em nanopartículas (NPs) metálicas têm levado a grandes avanços tecnológicos. Daqui, resultou uma transferência de tecnologia para os diferentes sectores de atividade humana, permitindo que atualmente as nanopartículas de dióxido de cério (NPs de CeCO2), por exemplo, sejam fortemente utilizadas na indústria para a produção de painéis solares e fotovoltaicos, em bombas aerificadoras para colocar em aquários domésticos, nos aparelhos para detetar fuga de gás e como aditivos de combustível. Contudo, poucos são os estudos existentes que avaliam a toxicidade ambiental das nanopartículas metálicas no compartimento aquático, em particular das NPs de CeCO2. Neste âmbito realizou-se uma exposição crónica (com a duração de 28 dias) da espécie Oncorhynchus mykiss (n.v. truta arco-íris) a três concentrações crescentes de NPs de CeCO2 (0,1 μg/L, 0,01 μg/L e 0,001 μg/L), incluindo um grupo controlo, e aferiu-se a sua toxicidade em termos de danos tecidulares produzidos ao nível das brânquias. Na avaliação histopatológica podemos referir que os indivíduos expostos a NPs de CeCO2 apresentaram alterações muito marcadas nas brânquias, como por exemplo aneurismas, levantamento epitelial, hipertrofia, edema intercelular, hiperplasia, fusão das lamelas secundárias e necrose. A análise semi-quantitativa permitiu ainda demonstrar claramente a existência uma relação dose-efeito observando-se diferenças significativas no índice patológico branquial entre as diversas concentrações testadas e o grupo controlo. Os resultados obtidos indicam que as NPs de CeO2 causam danos marcados no tecido branquial de O. mykiss em concentrações sub-letais, embora ambientalmente relevantes. Este efeito deletério no tecido branquial poderá ser traduzido pela perda de algumas das suas reconhecidas funções fisiológicas com consequências óbvias para os indivíduos.
|