Resumo: | Enquadramento: O aumento da incidência e prevalência da insuficiência renal crónica terminal (IRCT) é atualmente considerado um problema de saúde pública mundial. A IRCT implica terapia renal de substituição, por hemodiálise, diálise peritoneal ou transplantação renal. Em Portugal, as pessoas com 65 ou mais anos representam a maior faixa populacional a realizar hemodiálise e diálise peritoneal. A pessoa em hemodiálise tende a sofrer limitações funcionais, tais como dificuldade na marcha e diminuição do equilíbrio, aumentando o risco de queda. Sabe-se também que o risco de queda se encontra associado a fatores psicossociais; no entanto, estes encontram-se pouco estudados, especialmente nesta população. Objetivo: Este estudo teve como objetivo analisar a relação entre o risco de queda na pessoa com IRCT e fatores psicossociais (ansiedade, depressão e isolamento social). Metodologia: Estudo transversal, do tipo descritivo-correlacional, com uma amostra de conveniência, utilizando uma abordagem quantitativa. Os dados de caracterização sociodemográfica e clínica foram obtidos através de um questionário baseado na checklist da Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde. O risco de queda foi avaliado a partir do Teste Levantar e Sentar 5 vezes e da Força Muscular Isométrica. Os sintomas de ansiedade e depressão foram avaliados com a Escala de Ansiedade e Depressão Hospitalar. Para avaliação do isolamento social foi utilizada a Escala Breve de Redes Sociais de Lubben. A análise dos dados foi efetuada com o recurso à estatística descritiva e inferencial. Resultados: A amostra foi constituída por 72 participantes, com uma média etária de 62,29±14,5 anos. A maioria eram homens (n=50; 69,4%) e casados (n=51;70,8%). Os resultados evidenciaram que o risco de queda, considerando a força muscular e o equilíbrio funcional, varia em função da idade, escolaridade, situação profissional, composição do agregado familiar perceção de saúde física, mental e emocional, atividade física intensa e a utilização de dispositivos de apoio. Constatou-se que há diferenças estatisticamente significativas entre o risco de queda e as variáveis psicossociais, isto é, o risco de queda é maior nos participantes que manifestaram sintomas de ansiedade e depressão e nos que revelaram maior isolamento social e menos laços extrafamiliares. Conclusão: Dos resultados obtidos com este estudo verificou-se que as pessoas que apresentam sintomatologia ansiógena e depressiva, isoladas socialmente e com menos laços extrafamiliares se encontram em maior risco de queda. Esta informação é fundamental para o desenho de futuras intervenções preventivas dirigidas a esta população.
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