Resumo: | A Directiva Europeia sobre o desempenho energético dos edifícios especifica diversos requisitos para a poupança de energia em edifícios, sem a negligência do conforto dos ocupantes. A regulamentação Portuguesa na área da térmica de edifícios e qualidade do ar interior (RSECE, Decreto-Lei 79/2006 de 4 de Abril), decorrente da transposição da Directiva, veio incrementar os níveis de exigência relativamente ao comportamento higrotérmico da envolvente dos edifícios e as condições de ventilação do ar interior. A ventilação nos edifícios, através da troca do ar ambiente interior pelo ar exterior, é uma das alternativas para resolver os problemas relacionados com qualidade do ar interior. Entretanto, os requerimentos de ventilação, pela recomendação de caudais mínimos de ar novo, podem estar em conflito com os requerimentos energéticos, devido ao facto da renovação do ar exigir energia para o seu condicionamento e para a manutenção das condições de conforto interiores. Neste trabalho foi desenvolvida uma ferramenta de simulação que permitiu analisar a evolução temporal da concentração de CO2 metabólico diária, pelo balanço mássico de CO2 no interior de edifícios de serviços, tendo como variável o caudal de insuflação de ar novo e o perfil de ocupação humana. Os caudais de ar novo, utilizados nas simulações, foram calculados conforme as quatro estratégias de ventilação propostas, as quais seguem critérios normativos ou não. Para melhores resultados e efeitos comparativos, simularam-se dois casos de estudo teóricos com actividades metabólicas distintas, que representam um ginásio e um escritório, em três climas Portugueses. Concluiu-se que no caso do sistema de ventilação ser projectado pelos caudais mínimos normativos prescritivos estes tanto podem ser exagerados, resultando na hiperventilação e no consequentemente consumo excessivo de energia como podem ser insuficientes para eliminar o CO2 metabólico a níveis de referência aceitáveis, particularmente em edifícios com actividade metabólica média e alta. As simulações realizadas indicaram a relevância do aquecimento, como principal necessidade energética para o condicionamento do ar interior, para as condições de conforto desejadas, devido somente à renovação do ar interior, em climas Portugueses, sem levar em consideração outros factores e suas influências no balanço higrotérmico do edifício.
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