Summary: | Introdução: Nos últimos anos os Serviços de Urgência têm-se transformado progressivamente na porta de entrada do Serviço Nacional de Saúde e estima-se que 50% dos episódios registados não sejam apropriados ao tipo de atendimento prestado nestes Serviços. Isto acarreta consequências negativas para o seu funcionamento geral. Os hiperfrequentadores constituem uma importante fatia dos utentes dos Serviços de Urgência e requerem, com frequência, mais cuidados e recursos físicos do que os restantes utentes. Metodologia: Estudo retrospectivo com análise documental dos processos clínicos da Urgência dos utentes que recorreram ao Serviço de Urgência do Centro Hospitalar da Cova da Beira durante o ano de 2009. Foram considerados hiperutilizadores todos os utentes que recorreram ao Serviço quatro ou mais vezes no ano em estudo. Analisaram-se as variáveis sexo, idade, causa de admissão, dia e hora de admissão, triagem, discriminador, tempo de permanência e destino. Resultados: Os hiperutilizadores, que em 2009 constituíram 12,6% dos utentes, perfizeram 35,8% das visitas ao Serviço de Urgência do Centro Hospitalar da Cova da Beira durante. Comparativamente aos restantes utentes, estes eram com mais frequência mulheres (58,9% vs. 53,9% p<0,001), tinham idade superior (59 vs. 51 anos p<0,001) e maior nível de urgência, conferido por uma das triagens Amarelo, Laranja e Vermelho (55,5% vs. 51,6% p<0,01). Estes utentes permaneceram mais tempo no Serviço do que os restantes (184 vs. 159 minutos p<0,001). Conclusão: O hiperutilizador do Serviço de Urgência Geral do Centro Hospitalar da Cova da Beira é caracteristicamente mulher, na casa dos 60 anos, que é admitido no SU por “doença”. Recebe triagem Pouco urgente ou Urgente na maioria dos casos, devido a “dor” ou “dor moderada” e permanece no SU 127 minutos. É mais velho, tem triagem “muito urgente” ou “emergente” com maior frequência do que os outros utentes e tempo de permanência no Serviço de Urgência substancialmente maior do que os restantes utentes.
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