O acto ilocutório de convite no discurso infantil

Este estudo pretende dar conta de dimensões da estrutura e funcionamento do acto ilocutório de convite no discurso entre crianças. Usa como corpus de análise um grupo de cinco discursos produzidos por pares de crianças (entre os sete e os onze anos) em situação simulada, isto é, os intervenientes tê...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Ramos, Rui Lima (author)
Format: bookPart
Language:por
Published: 2005
Subjects:
Online Access:http://hdl.handle.net/1822/4805
Country:Portugal
Oai:oai:repositorium.sdum.uminho.pt:1822/4805
Description
Summary:Este estudo pretende dar conta de dimensões da estrutura e funcionamento do acto ilocutório de convite no discurso entre crianças. Usa como corpus de análise um grupo de cinco discursos produzidos por pares de crianças (entre os sete e os onze anos) em situação simulada, isto é, os intervenientes têm consciência que estão a simular um convite, ao telefone, e que os seus discursos estão a ser gravados. Nessas trocas conversacionais, ao falante A foi dada a instrução de fazer um convite ao falante B (para uma festa de aniversário, para o acompanhar ao cinema, etc.). Em três dos casos, este foi secretamente instruído no sentido de recusar o convite do seu interlocutor. Apresenta, inicialmente, alguns breves apontamentos sobre o acto em referência para, em seguida, descrever e analisar aspectos da sua organização e do seu funcionamento discursivo, considerando-o nas suas dimensões sequenciais e interactivas, tendo em conta as especificidades dos interlocutores que produzem as construções discursivas citadas. Conclui que as crianças intervenientes dominam os mecanismos linguísticos necessários para estruturar este acto ilocutório, incluindo os de cariz antecipatório, e os procedimentos inferenciais que lhes permitem o uso, sem particulares restrições, da indirecção no que diz respeito à sua realização. As recusas, sequências não preferidas, são enquadradas em justificações mais ou menos complexas e credíveis e o jogo dialógico decorre em cooperação. Contudo, há uma dimensão prototípica do desenvolvimento discursivo/convencional ainda não completamente adquirida, em particular a que incide sobre competências especificamente sociais. Em alguns casos, a pura insistência em espaços abertos para argumentação, os atentados à face do interlocutor e a exposição da face própria são disso marcas evidentes. A total e significativa ausência de segmentos de agradecimento ilustra um domínio ainda imperfeito de alguns esquemas de acção discursiva com visíveis repercussões sociais.