Resumo: | Através do estudo dos mecanismos da censura impostos ao cinema, sobretudo longas-metragens estrangeiras mas também nacionais, em Portugal durante os primeiros anos da governação de Marcelo Caetano (finais de 1968-1971), pretende-se investigar os critérios da Comissão de Censura em relação ao modo como eram representados o amor e a violência. O presente trabalho apoia-se no estudo dos arquivos do Secretariado Nacional da Informação e Turismo. A informação produzida pela Comissão de Exame e Classificação de Espectáculos, durante o Estado Novo, está concentrada neste espólio que se encontra no Arquivo Nacional da Torre do Tombo (ANTT). O fundo documental apresenta informação sobre os modos de atuação dos censores, os pareceres em relação aos filmes e acerca dos recursos apresentados, bem como os relatórios dos processos de censura. A investigação dos mecanismos de censura relativamente ao amor e à violência, nestes primeiros anos do governo marcelista, constitui o enfoque do presente estudo. As suas bases estruturais assentam no estudo dos processos da Direção Geral de Censura entre finais de 1968 e 1971. De que forma foi feita a censura ao amor e violência no cinema nesses primeiros tempos de governação? Será que houve uma ligeira abertura nas mentalidades ou permaneceu exatamente tudo como sempre esteve? Estas perguntas remetem para o estudo das mentalidades e da história da vida privada que será a perspetiva adotada no nosso estudo, podendo ajudar a perceber o contexto cultural e psicológico da época.
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