Resumo: | A luxação medial da patela (LMP) é uma das principais patologias ortopédicas em cães, pode ocorrer em qualquer idade ou raça, mas aparece caracteristicamente em raças de pequeno porte. A maioria dos casos é detetada enquanto jovens, mas em alguns, a luxação não se verifica até serem adultos, apesar das alterações anatómicas subjacentes se encontrarem presentes desde o nascimento. Desta forma a luxação patelar é também designada por de desenvolvimento. A LMP causa usualmente uma claudicação crónica e alteração da marcha. O diagnóstico é baseado na palpação, exercendo força sobre a patela, provocando a luxação, durante o exame físico. Os resultados do exame físico são variáveis e dependem da severidade da luxação. Esta patologia é classificada numa escala de I a IV, em conformidade com o grau, frequência e permanência da luxação. Os graus I e II representam os tipos de luxação recorrente, enquanto os graus III e IV representam as luxações permanentes. Uma patela que se encontre permanentemente luxada encontra-se associada a situações de desvio do mecanismo extensor, o que pode provocar deformidades ósseas graves, do fémur e da tíbia, enquanto ocorre o crescimento. O tratamento cirúrgico pode ser subdividido em procedimentos de reconstrução de tecidos moles, e tratamentos ósseos de aprofundamento do sulco troclear e alinhamento do músculo quadríceps. A opção por cada técnica cirúrgica deve ser tomada para cada caso, e baseando-se em avaliações pré-operatórias rigorosas, almejando um adequado aprofundamento do sulco troclear e correto alinhamento do mecanismo extensor. O prognóstico é, em geral, favorável no que diz respeito à função do membro, mas ao longo do tempo tende a desenvolver-se osteoartrite do joelho apesar do tratamento. Os dados apresentados neste trabalho são referentes a casos indicados para cirurgia no Hospital Veterinário de Trás-os-Montes (HVTM), durante um período de sete anos (2006-2013). Destes casos foi recolhida informação relativamente à identificação do animal (sexo e estado reprodutivo, raça, idade e peso dos cães no momento da consulta, e no momento da cirurgia); à caracterização da luxação (membro afetado, direção, tipo e grau de luxação); ao tipo de procedimento cirúrgico efetuado, e à ocorrência de complicações. A descrição da amostra encontra-se em concordância com a bibliografia, e a transposição da tuberosidade da tíbia revelou-se o procedimento cirúrgico mais importante.
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