Resumo: | Este trabalho tem por objectivo encontrar na Linguística Aplicada, mais concretamente, na análise contrastiva, suporte para o tratamento pedagógico de determinadas dificuldades que os alunos lusófonos do 3º Ciclo do Ensino Básico manifestam habitualmente na aprendizagem do FLE, no que diz respeito à expressão do tempo linguístico e do tempo verbal. Trata-se pois de uma reflexão interdisciplinar envolvendo questões de Linguística e Didáctica das Línguas Estrangeiras. Assim, numa primeira parte, apresentamos alguns pressupostos teóricos da lógica temporal e aspectual do sistema linguístico verbal, para passar, de seguida, à descrição das semelhanças e divergências entre os subsistemas aspectuo-temporais do Português e do Francês, segundo as gramáticas escolares e manuais portugueses e de FLE. Numa segunda parte, apoiando-nos num estudo de caso em contexto de aprendizagem com alunos dos 8os e 9os anos do 3º Ciclo do Agrupamento de Escolas de Albergaria-a-Velha, da Branca e de S. João de Loure, faremos o levantamento dos principais problemas com que se deparam os professores de FLE, nas interferências encontradas entre os dois sistemas linguísticos aquando da aplicação dos tempos verbais do passado (passé composé, imparfait, plus-que-parfait, conditionnel présent e conditionnel passé), em particular, a diferença “passé composé”/pretérito perfeito composto e na associação aos respectivos valores aspectuais. Da análise dos dados recolhidos, procuraremos, numa terceira parte, tirar algumas conclusões que nos ajudem a compreender melhor o problema das interferências diagnosticadas no campo da expressão dos valores aspectuais e temporais do sistema verbal francês. Deste modo, à luz das teorias linguísticas que têm norteado a história da Linguística Aplicada, formularemos algumas estratégias alternativas sobre o ensino dos tempos verbais em FLE.
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