Summary: | A presença de resíduos farmacêuticos no ambiente aquático tem recentemente recebido grande atenção desde que níveis elevados de contaminação foram encontrados, não só nos efluentes de estações de tratamento de águas residuais, mas também em águas superficiais. Os compostos farmacêuticos são continuamente dispersos no ambiente, como resultado do uso humano e veterinário, e constituem uma preocupação ambiental relevante. Apesar das concentrações dos compostos farmacêuticos encontradas no meio ambiente se situarem numa gama que varia de ng L-1 a μg L-1, estas podem ser suficientes para induzir efeitos tóxicos ao nível dos organismos não-alvo. Desta forma, o estudo dos efeitos tóxicos destes compostos em espécies não-alvo é necessário e essencial. Assim, o objectivo do presente estudo foi investigar os efeitos da carbamazepina, diazepam e fenitoína, três drogas anticonvulsivantes encontradas em concentrações relativamente elevadas no ambiente, em parâmetros de stress oxidativo no peixe de água doce Lepomis gibbosus. Para o efeito, foram quantificados biomarcadores enzimáticos de stress oxidativo – nomeadamente, a catalase (CAT), a glutationa reductase (GR) e as glutationa S-transferases (GST) – e de dano oxidativo (peroxidação lipídica - TBARS) no tecido hepático, digestivo e branquial de animais expostos a concentrações sub-letais destes compostos. O objectivo central foi o de investigar os padrões de resposta nesses tecidos e quantificar a extensão das alterações causadas pelos xenobióticos mencionados. As actividades das enzimas dos peixes expostos ao diazepam revelaram diferenças significativas pontuais em determinados órgãos, nomeadamente um aumento da actividade das GSTs das brânquias e uma inibição da glutationa reductase no tubo digestivo, relativamente ao controlo. Na exposição de Lepomis gibbosus a carbamazepina, observou-se também diferenças significativas pontuais nas respostas dos biomarcadores avaliados, nomeadamente o aumento da actividade da actividade das GSTs e GRed no tubo digestivo relativamente ao controlo. Por último, a exposição de fenitoína foi responsável por respostas adaptativas nas actividades da CAT e GST ao nível do fígado, nomeadamente um aumento significativo da sua actividade. As respostas dos biomarcadores aos três compostos não permitiram sustentar um cenário de dano oxidativo, mas verificou-se que o sistema antioxidante desenvolve respostas adaptativas à sua presença, algumas das quais em concordância com estudos anteriores.
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