Summary: | Reconhecendo a importância dos estudos sobre as atitudes linguísticas para a compreensão da variação e mudança linguística, no âmbito da Sociolinguística Variacionista de Labov (1972), este trabalho resulta de duas investigações empíricas realizadas na ilha da Madeira, cujos questionários contêm um conjunto de perguntas que apelam aos juízos de valor dos falantes sobre variantes sintáticas (padrão e não-padrão) em uso no português, nomeadamente, as de realização pronominal anafórica do objeto direto (OD), ou seja, variantes com: clítico acusativo O ( eu vi - o ), pronome nominativo ELE ( eu vi ele ) ou ainda com clítico dativo LHE ( eu lhe vi ). Os inquéritos sociolinguísticos desta investigação apresentam configurações distintas: um primeiro conjunto de dados foi recolhido entre abril e dezembro de 2013, junto de 126 indivíduos de sete comunidades linguísticas da ilha da Madeira (18 por localidade), estratificados por idade, sexo e nível de escolaridade; já o segundo, realizado em outubro de 2015, foi aplicado a 412 estudantes da Universidade da Madeira, no Funchal, a capital da ilha. A análise, quantitativa e qualitativa, será conduzida, tendo em consideração dados retirados do Corpus do Português Falado no Funchal e os estudos recentes sobre vários aspetos da variação sintática em variedades do português (europeias, brasileiras e africanas). Os resultados das tarefas de julgamento realizadas por falantes madeirenses permitem (i) confirmar a relevância dos fatores sociais na consciência linguística da variação inerente dos sistemas linguísticos, por um lado, e, por outro, (ii) contribuir para a discussão do papel desempenhado por este tipo de dados subjetivos nos processos de mudança linguística.
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