Resumo: | Brincar é a principal Ocupação da criança e, como tal, é essencial ao seu desenvolvimento. Porém, atualmente, as sociedades modernas deparam-se com mudanças socioeconómicas e culturais aliadas ao paradoxo da expansão e desenvolvimento tecnológicos, e a uma crescente tendência para se colocar maiores exigências ao desempenho da criança, do ponto vista educacional. Mediante o olhar dos intervenientes nos contextos de vida da criança, essas mudanças podem traduzir-se em barreiras à sua participação no Brincar, e determinar os tipos de brincadeiras adotados, a escolha dos brinquedos utilizados, e condicionar o tempo e espaços destinados à brincadeira livre. É neste sentido que o presente estudo visa compreender que importância atribuem os pais de crianças até aos seis anos ao Brincar, enquanto promotor do desenvolvimento infantil. Este estudo, de cariz qualitativo, segue o método de Descrição Qualitativa. A amostra é constituída por vinte participantes, pais de crianças até aos seis anos, residentes no distrito do Porto. Foi utilizada a entrevista semiestruturada como instrumento de recolha de dados com posterior análise de conteúdo com categorização a posteriori, para interpretação e discussão dos dados obtidos. Da análise dos resultados ficou claro que os pais de crianças em idade pré-escolar reconhecem maior importância à participação da criança em atividades lúdicas de caráter estruturado e educativo em detrimento de um Brincar livre. Constata-se também a substituição de um Brincar ativo ao ar livre por outro mais sedentário, em contextos mais controlados e que o tempo de brincadeira entre pais e filhos é reduzido em função das densas rotinas familiares. Verificou-se também a introdução cada vez mais precoce de dispositivos de caráter tecnológico, em detrimento de outras formas de Brincar. Face aos resultados, parece ser fundamental sensibilizar os pais para os benefícios de um Brincar mais ativo, promovendo o Brincar livre enquanto promotor do desenvolvimento infantil; apelar à existência de um equilíbrio entre as horas que são dedicadas às atividades estruturadas; promover a existência de espaços de qualidade nas cidades destinados ao Brincar; e alertar para as consequências da utilização de dispositivos multimédia.
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