Resumo: | A intensificação dos fluxos migratórios e a crescente interconectividade “global” têm tornado evidente que um maior nível de contacto entre pessoas de diferentes culturas não se traduz automaticamente num maior interconhecimento e diálogo intercultural. Pelo contrário, recentemente a explosão dos discursos de ódio nas redes sociais e a divulgação de fake news (incluindo fake vídeos) através das redes sociais digitais (sonhadas como uma promessa de maior interação entre pessoas, transcendendo as tradicionais fronteiras físicas), tornaram evidente que a maior “mistura” no mundo não significa necessariamente maior respeito pela diversidade. De facto, esta “nova” realidade é surpreendentemente “velha”: no mundo em que vivemos a transformação social e tecnológica tem sido acompanhada pela manutenção, e mesmo agudização, de velhas hierarquias, binarismos e hiatos, que continuam a moldar as nossas vidas de forma muito poderosa (Cabecinhas & Cunha, 2017; Macedo, Cabecinhas & Abadia, 2013), tornando esta área de investigação, e de intervenção, extremamente desafiante. [...]
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