Resumo: | As cerimónias públicas de distinção constituem, na atualidade, uma prática medrante na escola pública portuguesa, com especial proeminência no ensino secundário. O corpo normativo das instituições escolares está trespassado por um extenso léxico de mecanismos de distinção que visam fundamentalmente premiar os resultados dos estudantes. Quadros de excelência, bolsas de mérito, louvores de mérito, menções de mérito, certificados de mérito, menções de excelência, menções honrosas, títulos de mérito, diplomas de mérito, diplomas de louvor, quadros de honra, são alguns dos exemplos de diferentes nomenclaturas para um único propósito, o de recompensar o mérito escolar. Este cenário performativo é enformador dos percursos estudantis, sobretudo entre aqueles que frequentam as áreas científicas de acesso aos cursos mais prestigiados no ensino superior. A análise aos resultados do concurso nacional de acesso entre 2012 e 2016, tornam manifesto um perfil de candidatura condizente com o modelo estratégico da distinção simbólica (Balsa et al., 2001), e que se traduz na efetivação por parte dos estudantes distinguidos (n=342) de determinadas escolhas (sistema de ensino; ciclo de ensino; instituição de ensino; área de estudos; curso superior), reveladoras de estratégias que visam a acumulação de capital simbólico no intento de dar amplificação à possibilidade de um estatuto privilegiado no futuro.
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