Summary: | A Esclerose Múltipla (EM) é uma doença crónica, inflamatória e degenerativa, com impacto no Sistema Nervoso Central (SPEM, 2018). A disfunção cognitiva, a presença de sintomatologia depressiva e ansiosa, a escolha de estratégias de coping disfuncionais e níveis mais reduzidos de qualidade de vida têm sido reportados nestes pacientes. Objetivo: O principal objetivo deste estudo foi analisar a influência da reserva cognitiva, da sintomatologia ansiosa e depressiva, da qualidade de vida e das estratégias de coping, no declínio cognitivo em pacientes portugueses de EM do tipo surto-remissão. Método: Esta investigação contou com 23 participantes com EM do tipo surto remissão. Cada participante foi sujeito a uma avaliação neuropsicológica direcionada para o funcionamento executivo e mnésico. O declínio cognitivo foi calculado pela subtração do índice de Inteligência Pré-Mórbida às pontuações obtidas em cada teste cognitivo. Resultados: Evidenciou-se um maior declínio nas funções executivas e mnésicas. É sugerido que os pacientes de EM que denotam um maior declínio cognitivo são os menos escolarizados, que se envolvem em menos atividades de lazer, que apresentam uma pior perceção de QV, maior sintomatologia depressiva e ansiosa e que adotam estratégias de coping menos focadas na resolução do problema. Complementarmente, uma melhor QV parece associar-se a um menor índice de sintomatologia ansiosa e depressiva, uma menor adoção de estratégias de coping que procuram evitar o problema e a uma maior RC. Conclusão: Uma deteção precoce de disfunção cognitiva e de sintomatologia ansiogénica e depressiva, revela-se essencial, bem como um acompanhamento atento que instrua o paciente e promova a sua qualidade de vida. Um maior envolvimento dos pacientes em atividades dinâmicas e sociais poderá ser uma mais valia.
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