Summary: | Enquadramento: A imigração tal como o parto são processos de transição. Neste sentido, as parturientes imigrantes poderão viver situações de ansiedade, e a forma como percepcionam os cuidados que lhes são prestados pode variar consideravelmente num leque de significados diversos mais ou menos gratificantes, ou pelo contrário, mais ou menos constrangedores. Desta forma tornase fundamental que os enfermeiros de Saúde Materna e Obstetrícia, enquanto prestadores de cuidados, conheçam as percepções das imigrantes parturientes ao longo do trabalho de parto e parto,por forma a evitar interpretações erróneas que obstaculizam a prestação de cuidados culturalmente congruentes. Objetivo: Analisar a percepção em cuidados culturais de puérperas imigrantes durante o trabalho de parto Participantes e métodos: Estudo observacional de natureza quantitativa, transversal, de carácter descritivo-correlacional, inserido num projeto de doutoramento. A amostra é constituída por 868 parturientes imigrantes internadas em 34 maternidades/hospitais com maternidade portuguesas, da região Norte, Centro, Sul e Grande Lisboa. O instrumento de recolha de dados permite caracterizar a amostra nas variáveis sociodemográficas, maternas/obstétricas e de vigilância da gravidez. O protocolo inclui ainda a escala de percepção de cuidados culturais de Parreira (2010). Resultados: As puérperas com 36 anos ou mais, as que possuem habilitações literárias de nível superior, que foram assistidas em maternidades da região da Grande Lisboa, com rendimento mensal familiar inferior a 500 euros, com índice de aglomeração fraco, que vigiaram a gravidez, que não tiveram acompanhamento por pessoa significativa, que não tiveram analgesia e que não assistiram às aulas de preparação para o parto discordaram de ter afirmaram não ter sido alvo de cuidados culturais apropriados ao invés das que planearam a gravidez. Por sua vez, as participantes cuja gravidez foi vigiada, que tiveram acompanhamento por pessoa significativa, que receberam analgesia, que assistiram às aulas de preparação para o parto e as que foram assistidas na região do Centro, ainda que tenham sido alvo de cuidados culturais apropriados não o foram em relação à comunicação, ambiente, cultura material e tempo. Conclusão: Parte de imigrantes que se encontram numa situação de maior vulnerabilidade discorda ter sido alvo de cuidados culturalmente apropriados, o que poderá traduzir uma deficiente sensibilidade e treino cultural dos enfermeiros especialistas de Saúde Materna e Obstetrícia, no cuidar durante o trabalho de parto e parto, no sentido de ir ao encontro das necessidades percepcionadas durante o trabalho de parto e parto, pelo que propomos formação em serviço porforma a eliminar os obstáculos à prestação de cuidados culturalmente congruentes. Palavras-chave: Percepção de cuidados culturais, Trabalho de parto, Imigração.
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