Summary: | Introdução: As demências traduzem-se numa deterioração cognitiva e comportamental progressiva e irreversível que compromete a comunicação dos doentes, conduzindo a um maior isolamento social, alterações de humor e menor qualidade de vida. Atualmente o programa Cognitive Stimulation Therapy (CST) – uma modalidade de estimulação cognitiva (EC) – consiste na intervenção não farmacológica mais suportada pela evidência científica na demência ligeira e moderada, reconhecida pelos seus benefícios na comunicação, interação social, cognição e qualidade de vida. Neste estudo pretendemos averiguar o impacto da versão portuguesa do CST na comunicação e cognição de idosos com demência institucionalizados e, secundariamente, verificar a sua influência na ansiedade, depressão e qualidade de vida. Metodologia: A amostra deste estudo experimental, duplamente cego, foi composta por 48 idosos com demência, aleatoriamente distribuídos pelos grupos experimental (N=28) e de controlo (N=20). O primeiro grupo foi submetido ao CST enquanto o segundo não foi alvo de intervenção. As medidas de outcome foram aplicadas em dois momentos – no pré e pós-teste. Resultados: Após a intervenção, o grupo experimental demonstrou melhorias significativas na comunicação, especificamente nos itens prazer, humor, orientação, conhecimento geral e capacidade de se envolver em jogos, e na sintomatologia ansiosa e depressiva; porém, não foram verificadas diferenças significativas entre grupos em nenhum dos domínios avaliados. Conclusão: Apesar da importância e dos benefícios da EC se encontrarem bem estabelecidos no contexto da demência, não foi possível confirmar a eficácia da versão portuguesa do programa CST nos domínios avaliados, maioritariamente devido à reduzida dimensão da amostra e ao baixo poder dos testes estatísticos utilizados. No entanto, os resultados obtidos não deixam de sugerir a eficácia do CST nos domínios da comunicação, da ansiedade e da depressão. A escassez de programas de EC devidamente adaptados e validados para a população portuguesa justifica o investimento neste tipo de intervenção, cuja implementação deve ser convencionada em contexto institucional e comunitário.
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