Summary: | Maria de Lourdes Martins (1926 – 2009) representa uma figura da nova geração de compositores da vanguarda do século passado que deu um contributo musical muito importante para a cultura portuguesa. O projeto artístico é dedicado ao conhecimento acerca de Maria de Lourdes Martins, enquanto pianista, compositora e pedagoga. O objetivo passará por estudar os fatores motivacionais que definem o desempenho criativo nas suas obras e em que medida tais processos de escrita podem constituir-se cruciais para a promoção da criatividade musical no Portugal do século XXI. Nesse sentido, foi realizada uma análise pormenorizada dos conteúdos das obras e, em especial, a interpretação daquelas dedicadas ao violino e ao piano, da referida compositora. A abordagem das obras em apreço traduz-se, essencialmente, na revitalização das composições dedicadas ao violino. As obras selecionadas são a Sonata para piano e violino (1947-1948), o Prelúdio para violino e piano, dedicado ao mestre Croner de Vasconcelos (1951), a Sonatina para violino e piano (1955) e “Cromos” para violino e piano (1958). Em geral, estas quatro obras, escritas no espaço de uma década, denotam a presença de uma linguagem hesitante, com elementos harmónicos de várias proveniências (modalidade, tons inteiros, cromatismo livre), com ritmos e articulações por vezes tipicamente neoclássicos e com formas ora livres, ora influenciadas. Em matéria instrumental, na Sonata para piano e violino (1947-1948) a escrita pianística, sendo limitada do ponto de vista da idiomática instrumental, é mais interessante do que a escrita violinística propriamente dita, que explora pouco o instrumento de cordas - o título trai, aliás, a hierarquia dos instrumentos nesta obra: "Sonata para piano” e só depois “...e violino".
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