Avaliação da qualidade de vida de doentes com cancro do pulmão seguidos na Beira Interior

Introdução: O cancro do pulmão (CP) é o tipo de cancro mais frequente no mundo, constituindo a principal causa de morte desta natureza. Apresenta, atualmente, uma sobrevida global aos 5 anos de cerca de 15%, sem grandes previsões de mudança. Muitos doentes encontram-se muito sintomáticos, a maioria...

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Bibliographic Details
Main Author: Marçalo, Sofia Carvalho (author)
Format: masterThesis
Language:por
Published: 2013
Subjects:
Online Access:http://hdl.handle.net/10400.6/1362
Country:Portugal
Oai:oai:ubibliorum.ubi.pt:10400.6/1362
Description
Summary:Introdução: O cancro do pulmão (CP) é o tipo de cancro mais frequente no mundo, constituindo a principal causa de morte desta natureza. Apresenta, atualmente, uma sobrevida global aos 5 anos de cerca de 15%, sem grandes previsões de mudança. Muitos doentes encontram-se muito sintomáticos, a maioria num estadio em que não é possível um tratamento curativo, e com um papel cada vez mais importante na tomada de decisões sobre o seu tratamento. Também alguns tratamentos, por vezes com elevados custos financeiros, resultam em modestos benefícios na taxa de sobrevivência e até mesmo no tempo de sobrevida. Assim, é cada vez maior o interesse no impacto da doença e do seu tratamento na qualidade de vida (QV) específica de cada doente pelo que, o objetivo deste estudo foi proceder a uma avaliação de fatores influentes na QV dos doentes com CP seguidos na Beira Interior, tendo em conta a pluralidade daquele conceito. Materiais e Métodos: Estudo transversal, descritivo e comparativo. Entre agosto de 2012 e março de 2013, foram aplicados 53 questionários a doentes com CP, seguidos em consulta de Pneumologia Oncológica na Beira Interior. Recolheu-se informação sociodemográfica e clínica e aplicaram-se instrumentos de avaliação de perturbações psicológicas de ansiedade e depressão (HADS), qualidade de vida (EORTC QLQ-C30 e QLQ-LC13), e estado nutricional (MNA). Resultados: As perturbações psicológicas de ansiedade e depressão relacionaram-se com pior QV, com maior influência da depressão relativamente à ansiedade. O bom estado nutricional demonstrou estar associado a melhor função física, melhor nível de desempenho, melhor função social, melhor QV global e menor sintomatologia. Além disso, o tratamento com radioterapia e quimioterapia demostrou estar associado a maior risco de desnutrição, sendo que, no primeiro, esse risco foi superior. Na relação das diferentes modalidades de tratamento com a QV, apenas o tratamento com radioterapia prévia e a terapêutica com opióides parecem encontrar-se relacionados com um prejuízo da QV, na primeira associado a pior função cognitiva, e na segunda associado a pior função física, pior nível de desempenho, pior função social, pior QV global e maior sintomatologia. A relação do tratamento cirúrgico e quimioterapia com a QV não foi significativa. O CPPC esteve associado a um prejuízo da função social, quando comparado com o CPNPC. Já o estadiamento TNM, não demonstrou qualquer relação com a QV. No que respeita às características sociodemográficas, apenas o nível educacional e os hábitos etílicos demonstraram ter algum tipo de impacto negativo na QV, não se encontrando qualquer influência do nível socioeconómico e dos hábitos tabágicos na QV. Conclusão: Atualmente, a abordagem do CP requer um processo clínico que inclui prevenção, deteção precoce, tratamento específico e melhoria da sobrevida. No entanto, num futuro muito próximo, residirá sobre a melhoria da QV. Este trabalho aponta para que a inclusão de estratégias de intervenção psicológica e de apoio nutricional, na terapêutica de suporte, possa ter um impacto significativo na QV destes doentes.