Human exposure pathways to environmental contaminants

Os humanos estão permanentemente expostos a vários contaminantes ambientais que têm sido produzidos pela indústria química ao longo das últimas décadas. Para além do contacto direto com produtos onde estes contaminantes são aplicados, a exposição ocorre principalmente porque estes químicos se libert...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Coelho, Sónia Dias (author)
Format: doctoralThesis
Language:eng
Published: 2017
Subjects:
Online Access:http://hdl.handle.net/10773/17787
Country:Portugal
Oai:oai:ria.ua.pt:10773/17787
Description
Summary:Os humanos estão permanentemente expostos a vários contaminantes ambientais que têm sido produzidos pela indústria química ao longo das últimas décadas. Para além do contacto direto com produtos onde estes contaminantes são aplicados, a exposição ocorre principalmente porque estes químicos se libertam destes materiais e acumulam-se no ambiente, tornando-se desta forma disponíveis para serem consumidos involuntariamente pelos humanos. Durante muito tempo a alimentação foi considerada como a principal via da exposição dos humanos a diversas classes de contaminantes, incluindo os poluentes orgânicos persistentes (POPs) e metais tóxicos. No entanto, a exposição através do pó em ambientes interiores surgiu como uma importante via de exposição, principalmente porque estes contaminantes se acumulam no pó e devido ao facto das pessoas passarem grande parte do seu tempo em ambientes interiores. Na presente tese, foi estudada a presença de várias classes de contaminantes ambientais em amostras de duplicados de dieta e amostras de pó doméstico, de forma a caracterizar a exposição dos humanos através da ingestão de alimentos e pó doméstico em Portugal, e a avaliar os riscos associados a esta exposição. Os contaminantes estudados incluem: retardantes de chama bromados (BFRs); retardantes de chama fosforados (PFRs); bifenilos policlorados (PCBs); pesticidas organoclorados (OCs); e os metais tóxicos chumbo (Pb) e cádmio (Cd). Os níveis de BFRs, PCBs, OCs, Pb e Cd foram determinados em amostras de duplicados de dieta fornecidas por voluntários da comunidade académica da Universidade de Aveiro. No que diz respeito aos compostos orgânicos, as concentrações obtidas foram baixas. Os BFRs foram detetados em poucas amostras de dieta, sendo que o mais detetado foi o congénere BDE 209 (67%), enquanto os BFRs emergentes – 1,2-bis (2,4,6-tribromofenoxi) etano (BTBPE), decabromodifenill etano (DBDPE) – não foram detetados. Os PCBs e os OCs apresentaram as concentrações mais elevadas e foram detetados na maioria das amostras de duplicados de dieta analisadas, sendo que os diclorodifeniltricloroetanos (DDTs) e os hexaclorociclohexanos (HCHs) foram detetados em 100% das amostras. Os valores estimados das ingestões diárias foram baixos e abaixo dos valores de referência estabelecidos para a avaliação de risco em humanos. O Pb foi detetado em todas as amostras de duplicado de dieta e o seu consumo através da ingestão de alimentos foi associado a efeitos adversos para a saúde. Para 33% dos participantes a ingestão diária estimada (EDI) foi superior à dose de referência (bench mark dose level – BMDL) associada à doença renal crónica, e para um dos participantes a EDI foi 50% mais elevado do que a BMDL associada à pressão arterial sistólica elevada. A abordagem da margem de exposição (MOE - margin of exposure) foi aplicada e indicou que em pelo menos 3,3 e 26,7% dos participantes poderão surgir efeitos cardiovasculares e nefrotóxicos, respetivamente. As concentrações de Cd foram avaliadas em amostras de duplicados de dieta fornecidas por mulheres a trabalhar ou a estudar na Universidade de Aveiro. Este metal foi também detetado em todas as amostras analisadas e 35% das participantes apresentaram ingestões semanais estimadas (EWIs) mais elevadas do que a dose semanal tolerável estabelecida, sugerindo riscos de saúde elevados. No geral, os resultados obtidos através das análises feitas em amostra de duplicados de dieta demonstraram que a ingestão de alimentos é uma importante via de exposição aos contaminantes ambientais estudados. Os níveis de PFRs, BFRs and PCBs foram monitorizados em amostras de pó doméstico de casas de Aveiro e Coimbra. Estes compostos e os seus respetivos congéneres/isómeros foram detetados num grande número de amostras, sendo que os PFRs apresentaram as concentrações mais elevadas, seguidos dos BFRs e PCBs. Apesar das frequências de deteção elevadas, os EDIs foram inferiores às doses de referência (RfDs) estabelecidas. Os BFRs, PCBs, OCs foram também analisados em amostras de pó doméstico da Covilhã. Neste estudo, as amostras de pó foram recolhidas em casas de voluntários com asma e em casa de participantes sem asma. Os congéneres/isómeros dos contaminantes avaliados foram detetados na maioria das amostras, e o grupo de BFRs apresentou as concentrações mais altas, seguido de PCBs e DDTs. No entanto, para todos os contaminantes, as ingestões diárias foram inferiores às RfDs. Estes resultados confirmam que os PFRs, BFRs, PCBs e OCs estão omnipresentes nas casas Portuguesas, no entanto, o consumo diário dos contaminantes orgânicos através da ingestão de pó doméstico é baixo. Os resultados obtidos no âmbito desta tese permitiram descrever, pela primeira vez em Portugal, os níveis dos contaminantes selecionados em amostras de duplicados de dieta e pó doméstico. Estes resultados revelaram que o risco associado à ingestão de contaminantes orgânicos através da alimentação e do pó doméstico foram baixos, ao contrário do elevado risco associado à ingestão de Pb e Cd presentes nos alimentos.